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Diretor de ‘Thunderbolts’ a VEJA: ‘Heróis não precisam ser inalcançáveis’

Jake Schreier acrescenta comédia agridoce e ponderações sobre saúde mental à fórmula Marvel em filme que apresenta os novos vingadores

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 Maio 2025, 08h00

Após uma sequência de desempenhos frustrantes e recepções mornas, o universo cinematográfico Marvel recupera fôlego com Thunderbolts, que chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 1 de maio, e tem chamado atenção do público pela trama de anti-heróis desajustados em busca de redenção. Com elenco de peso, o grupo de vilões é formado por nomes como Florence Pugh, Sebastian Stan e David Harbour. Na ficção, quem os conduz é a ardilosa agente da CIA Valentina (Julia Louis-Dreyfus); na vida real, a responsabilidade recai sobre o cineasta Jake Schreier, que comanda seu primeiro longa hollywoodiano de grande orçamento após comédias agridoces como Frank e o Robô (2012), Cidades de Papel (2015) e a série Treta (2023-) . Em conversa a VEJA, o diretor detalha suas intenções por trás do longa e os desafios e prazeres de trabalhar dentro dos limites da saga.

O trunfo de Thunderbolts é ter personagens mais humanos em vez de alienígenas com poderes divinos. Quão importante foi essa direção? Para começar com esses personagens, é necessário pensar de onde eles vêm, quais são seus poderes e que tipo de filme se quer fazer sobre pessoas assim. Vimos isso como uma grande oportunidade de contar uma história humana, uma jornada pé no chão que focasse na trajetória deles e não em um arco tradicional de heróis contra vilões. Afinal, se seus heróis podem ser vilões em outro contexto, quem são eles? O que estão enfrentando? Quais são suas lutas?  

A cultura atual parece dar mais atenção a anti-heróis do que à representação tradicional da bondade encarnada. Por que diria que esse arquétipo tem ganhado tanta força? É uma boa pergunta. Talvez seja a sensação de que todos estamos lidando com isso. Os quadrinhos originais do Sentinela (Lewis Pullman) falam muito sobre saúde mental, então percebemos que havia uma chance de contar uma história sobre algo que não se vê no contexto de super-heróis.

O diretor Jake Schreier
O diretor Jake Schreier (Jesse Grant/Getty Images)
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O elenco é carregado de talentos, desde Julia Louis Dreyfus até Florence Pugh. Como foi colaborar com eles?Todos levaram o trabalho muito a sério. Estavam ali para fazer algo pessoal e especial. Ninguém apareceu só para cumprir contrato ou pagar as contas — todos queriam fazer um bom trabalho. Quando se tem esse nível de talento ao redor, especialmente com alguém como a Julia no set, todo mundo quer dar o seu melhor. Para ela, foi divertido e diferente. Ela dizia estar bem fora da zona de conforto. A personagem ainda tem humor, mas é, de certo modo, nossa antagonista, talvez vilã. Mesmo assim, nos preocupamos em nunca deixá-la caricata, como uma vilã de desenho animado. Todos os personagens têm motivações. Quanto mais conversávamos, mais cada ator trazia elementos próprios para o papel.

Para chegar ao equilíbrio entre ação, drama e comédia, quais referências você quis emular? É engraçado. Já falei Toy Story 3 e Cães de Aluguel antes. Aí pensam: como assim Toy Story 3 e Cães de Aluguel? Mas a verdade é que não gosto muito de trabalhar com referências diretas. O roteirista do filme é Lee Sun Jin, com quem trabalhei em Treta, e de Joanna Calo, que também trabalhou em Treta e O Urso. Acho que o tom — fazer algo que tem humor, mas que também pode alcançar uma profundidade emocional — era nossa estrela-guia. Sempre quis que houvesse graça no que faço, porque ela faz parte do mundo. Mesmo nas situações mais escuras, existe um tipo de comédia sombria. E quando você consegue rir com os personagens, é mais provável que sinta por eles quando as coisas ficam difíceis.

Para além do cinema, você tem um rico portfólio de videoclipes, tendo trabalhado com Justin Bieber, Selena Gomez e Haim, entre outros. Quanto essa experiência o ajuda no cinema? Muito, é a união entre imagens e sons. Nos clipes que fiz, especialmente quando trabalhei com a banda Friends and the Lights, tínhamos o conceito de gravar em plano-sequência, assim como fiz em Want You Back, do Haim. A ideia era: se você não faz cortes, não é sobre mostrar técnica, mas sobre capturar um momento no tempo que pareça real. Em Thunderbolts, temos alguns momentos assim — a cena de abertura, por exemplo, começa com um close no rosto de Florence, então puxamos para trás e ela salta do segundo prédio mais alto do mundo. Esse tipo de abordagem, combinando algo próximo e íntimo com uma tomada longa, onde o espectador vê tudo acontecer em tempo real, é uma textura que tento trazer ao filme.

Muito se fala sobre a fadiga de super-heróis. O que é essencial ao lidar com esse gênero? É preciso que o filme tenha algo a dizer para além daquela história tradicional sobre grandes poderes e grandes responsabilidades. Heróis não precisam ser figuras inalcançáveis. Eles são desajustados, sim, mas muitos começaram com promessas grandiosas — como o Guardião Vermelho, que era um herói, ou Walker, que deveria ser o Capitão América até as coisas não saírem como esperado. O que acontece quando esse conto de fadas não se realiza? Quem você se torna depois disso? Como você lida com isso? Sim, existem muitos filmes de super-herói, mas se você consegue descobrir sobre o que realmente é o seu filme e focar no que as pessoas estão passando, surge um frescor. Além disso, claro, tentamos fazer muitas coisas de forma prática, filmar de verdade, para que o público sinta que está vendo algo real acontecer. 

Um obstáculo para isso são as conexões obrigatórias ao universo Marvel. Foi um desafio equilibrar a narrativa isolada ao futuro da franquia? Foi difícil, com certeza. Tentamos muito garantir que, se alguém assistir a esse filme sem ter visto nenhum outro da Marvel, ainda consiga entender tudo. As referências são feitas de forma que atualizam quem não conhece. Agora, se você viu todos os filmes e entende tudo que é mencionado, o peso emocional cresce. Espero que ambos os públicos saiam satisfeitos. 

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