Ben Affleck, diretor de Air: A História por Trás do Logo — baseado na história da linha de tênis que leva o nome do astro do basquete Michael Jordan —, explicou por que decidiu esconder o rosto do ator que interpreta o atleta no filme. Para Affleck, que também estrela o longa, seria impossível escalar alguém que pudesse personificar Jordan, considerado uma entidade por sua carreira brilhante no esporte. Nas cenas, Michael Jordan aparece apenas em imagens reais de arquivo ou em capas de revista antigas, enquanto seu intérprete aparece em cenas de reuniões de costas.
“Como você conta uma história sobre Michael Jordan e nunca o vê? Quando alguém se torna muito mais do que um herói, um atleta ou mesmo um ícone, essa pessoa se torna uma ideia. Ela representa esperança, excelência e grandeza. É única. E de jeito nenhum eu pediria ao público que acreditasse que alguém além de Michael Jordan seria o Michael Jordan”, explicou o diretor. “O que também foi do meu próprio interesse, francamente, porque eu sabia que isso destruiria o filme. Você o verá no filme, mas verá Michael Jordan como ele realmente é em seu autêntico gênio magistral que existe para todos nós vermos. Foi uma escolha deliberada”, completou ele, durante o festival South by Southwest Film & Television.
Em cartaz nos cinemas, Air retrata as negociações de executivos da Nike para cortejar o astro da NBA e assim criar a famosa linha de calçados Jordan. O atleta aparece em segundo plano, dando mais destaque à sua mãe, Deloris, interpretada por Viola Davis. “Durante o desenvolvimento do filme, percebi que o foco do filme é a Deloris Jordan. Eu queria fazer justiça à ela, assim como a Michael, e honrar quem eles são e o impacto duradouro que eles tiveram em nossa cultura”, justificou.
Para Affleck, não fazia sentido colocar um falso Michael pois também tinha receio da reação do público. “Jordan é muito grande. Ele existe acima e ao redor da história. Achei que se o público trouxesse para o filme tudo o que pensavam e lembravam sobre ele e o que ele significava para as pessoas, funcionava melhor. Sentimos que uma maneira mais interessante de contar a história seria ele existir no éter da narrativa. Ser falado por todos, mas não visto, é um pouco análogo à experiência de celebridades e estrelas do esporte na vida moderna, porque a maioria das pessoas passa a vida inteira sem conhecer ou ver pessoalmente sua estrela do esporte ou celebridade favorita. Portanto, vemos Michael apenas em clipes e flashes”, disse ao The Hollywood Reporter.