De um lado, um mundinho de plástico colorido e vibrante, onde reina a positividade; de outro, a realidade sombria das tensões da II Guerra Mundial. O que Barbie, comédia protagonizada pela boneca mais famosa do mundo, e Oppenheimer, drama de época sobre o físico que criou a bomba atômica, têm em comum? Apesar de contrastantes, ambos os filmes marcam a semana mais aguardada do ano para o cinema, com estreia nesta quinta-feira, 20, e estão cercados de altas expectativas. O lançamento simultâneo gerou até um meme conjunto: “Barbieheimer” ou “Barbenheimer”, que logo virou fenômeno nas redes sociais. Para os fãs do audiovisual, é inevitável não especular quem levará a melhor nessa disputa cordial.
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Dirigidos, respectivamente, pela cineasta indie em ascensão Greta Gerwig e pelo consagrado Christopher Nolan, os dois longas já foram aclamados pela crítica especializada. No Rotten Tomatoes, site americano que agrega tais avaliações, Barbie abriu com 93% de críticas positivas, enquanto Oppeinheimer chegou a 96%. Quanto ao público geral, as bilheterias podem coroar outro “vencedor”: segundo as projeções mais ponderadas, a produção cor-de-rosa deve bater 110 milhões de dólares nas bilheterias dos Estados Unidos no fim de semana de estreia, enquanto a película histórica deve somar 50 milhões no mesmo período. No país, Barbie será inicialmente exibido em 4.200 cinemas, contra 3.600 de Oppenheimer.
É provável, ainda, que o primeiro quebre o recorde de maior estreia de um filme feito por uma mulher — o título atual é de Mulher-Maravilha (2017), de Patty Jenkins, que fez 103 milhões. No Brasil, a Ingresso.com revelou que a obra de Gerwig tem a maior pré-venda do ano no site, superando as expectativas da empresa em 166% após o segundo fim de semana.
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Claro, são dois longas com públicos diferentes — um, afinal, é mais comercial que outro –, mas os ávidos pela sétima arte parecem empolgados para conferir ambas as tramas. Aliás, o hype do meme foi tanto que cinemas ao redor do mundo passaram a incentivar que os espectadores assistam aos dois em sequência, no mesmo dia — em São Paulo, por exemplo, o Cine Belas Artes idealizou uma programação de seu famoso “Noitão” dedicada à maratona, batizada de OppenBarbie. Lá fora, a rede americana AMC divulgou que mais de 40 mil pessoas compraram ingressos para ver ambos os filmes no dia da estreia. Nem mesmo as estrelas da semana, Margot Robbie e Cillian Murphy, perderam a piada, estimulando as sessões duplas em entrevistas. “Passar o dia inteiro no cinema, o que é melhor do que isso?”, disse Murphy.
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Há 15 anos, um evento parecido agitou o setor: Mamma Mia! e Batman: O Cavaleiro das Trevas — um musical enérgico baseado nas músicas do grupo sueco ABBA e um soturno filme de herói, também dirigido por Nolan — estrearam na mesma semana nos Estados Unidos. As redes sociais ainda não tinham a força necessária para transformar “Batmia” em meme global, e o embate foi díspar. Batman arrecadou 158 milhões de dólares em sua estreia no país, contra os humildes 27 milhões de dólares do musical. No que diz respeito à “Barbieheimer”, a discussão on-line parece ter ultrapassado a rivalidade superficial e se firmado como uma celebração da arte feita para as telonas, que ainda se recupera do baque da pandemia. O debate, agora, é sobre a ordem ideal para assistir aos filmes — ou mesmo qual cor vestir durante o passeio, preto ou rosa-choque. Quem vence é o cinema.