Nos últimos dias, voltou a circular nas redes sociais uma antiga e peculiar teoria da conspiração: a de que o ator e diretor Sean Penn seria, na verdade, um agente secreto disfarçado. São inúmeros os episódios apontados pelos internautas como “provas”, como a frequente — e até suspeita — participação de Penn em imbróglios que caberiam mais a diplomatas e outros funcionários oficiais do governo americano do que a um artista. Por exemplo, em 2002, quando o conflito entre Estados Unidos e Iraque estava iminente, Penn, um crítico das condutas de George W. Bush, foi até o Iraque participar de uma audiência com Tariq Aziz, então vice-primeiro-ministro do país e conselheiro do presidente Saddam Hussein. Penn também diz ter influenciado a aproximação de Cuba ao governo americano.
Em 2008, ele se encontrou com Raúl Castro (irmão e sucessor de Fidel) — o que teria levado o cubano a concordar em receber o ex-presidente Barack Obama nos anos seguintes. Em 2009, o astro também se encontrou com o próprio Fidel Castro para supostamente fazer uma entrevista para a Vanity Fair — mas a conversa nunca foi publicada.
A história fica mais cabeluda com um acontecimento de 2016 que reforça a conspiração. Naquele ano, Sean Penn encontrou o narcotraficante mexicano Joaquín Guzmán, mais conhecido como El Chapo, para entrevistá-lo. Alguns dos questionamentos do ator tinham um tom estranhamente superficial: “Você sonha?” e “Como você se descreveria?”, por exemplo. A entrevista, que continha certas revelações, foi publicada na Rolling Stone americana com o subtítulo “Uma visita secreta ao homem mais procurado do mundo”. O que levanta mais suspeitas é o fato de Guzmán ter sido preso apenas algumas horas mais tarde. Na época, Penn disse que a visita fazia parte da concepção de uma trama sobre a fuga do traficante da prisão. O ator também insistiu que fez de tudo para esconder o evento das autoridades — mas nunca cessaram os rumores de que ele teria sido convocado pela CIA, a agência de inteligência americana, para encontrar El Chapo. Do outro lado, o governo mexicano declarou que a reunião foi “essencial” para encontrar o traficante.
Não seria o primeiro envolvimento de Hollywood com a agência de espionagem, que já usou a influência de grandes astros como instrumento para resoluções de incidentes internacionais. O filme Argo, por exemplo, vencedor do Oscar de melhor filme em 2013, serviu de desculpa para que agentes da CIA conseguissem ir até o Irã durante uma crise envolvendo reféns em 1979. Entre eles estavam seis diplomatas americanos — que fingiram ser membros da produção cinematográfica para serem resgatados. A teoria da atuação de Penn ao lado do governo americano, apesar de peculiar, não parece de todo impossível.