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A aposta ousada de Shyamalan no thriller ‘Armadilha’ — eis no que deu

Filme em cartaz no país acompanha um serial killer encurralado em show de música pop ao lado da filha adolescente

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 ago 2024, 17h49 - Publicado em 9 ago 2024, 17h44

O inimigo mora ao lado e é belo, carismático e pai de família. Em Armadilha, novo filme do autor M. Night Shyamalan, o serial killer mais procurado de toda a Filadélfia parece ser só um paizão que quer levar a filha pré-adolescente ao show de sua popstar favorita, a artista fictícia Lady Raven, vivida pela filha do diretor, Saleka. Quando chega lá, porém, Cooper (Josh Hartnett) nota um número excessivo de policiais armados, um clima tenso no ar e uma agente especial soturna que perambula pelo estádio. Os sinais insistentes mexem com seus nervos e denunciam: por trás dos holofotes e das milhares de garotas da Geração Z, a situação é uma elaborada ratoeira, e ele é o roedor prestes a ter a cabeça esmagada. Estreia da última quinta-feira, 8, o suspense é a nova e intrincada passagem de Shyamalan por elementos típicos de sua filmografia, como o horror e famílias em apuros — e, mesmo dentro da zona de conforto, resulta em algo surpreendente.

A premissa agrega algo de inesperado na rota de um diretor que ficou conhecido por personagens complexos, mas inequivocamente virtuosos, como o herói relutante de Corpo Fechado, o pastor em crise de Sinais ou o psicólogo de O Sexto Sentido. Mesmo em face da violência e fatalidade de suas ideias, afinal, Shyamalan sempre acreditou na bondade humana — mas também defendeu a liberdade excêntrica da ficção, coisa que Armadilha deixa mais claro que nunca. Para não enveredar pelos questionamentos morais, ele se fixa no carisma de Hartnett e num humor que se aproveita do contraste entre paternidade e sociopatia, dos cacoetes da música pop juvenil e de arquétipos do suspense advindos de Psicose para deixar o público favorável ao assassino sanguinolento que já vitimou mais de dez civis inocentes.

É verdade que o humor pode parecer acidental caso levado muito a sério, ou extravasar para momentos enervantes. Tão dramáticos quanto os demais textos do cineasta, os diálogos se saem melhor na boca dos experientes Josh Hartnett e Alison Pill — sua esposa à beira de um ataque de nervos — e acabam desengonçados na voz da estreante Saleka, que se aventurou na atuação por conta do pai, mas se dedica apenas à música. Desafinadas como essa incomodam, mas são compensadas pelo desempenho do protagonista e pelo trabalho de câmera deslumbrante elaborado por Shyamalan junto ao diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom (de Rivais e Suspiria: A Dança do Medo). 

Assim, em meio a peripécias dignas de MacGyver e risadas em abundância, surge o coração pulsante do filme. Pai de três meninas, Shyamalan se coloca no lugar de Cooper e inverte a lógica de sua típica defesa da humanidade para atribuir valor às qualidades obscuras que seus heróis costumam combater. Sociopata desde criancinha, o personagem é habituado a copiar e fingir todas as emoções humanas, mas, à medida que o cerco se fecha ao seu redor, descobre sensações próprias como o medo, a raiva e — ao seu modo — o afeto familiar. 

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Em essência, Cooper é mais um serial killer criado para ser amado e apoiado, do mesmo jeito que se espera que Hannibal Lecter sempre se safe para continuar a deliciar seus fãs. É um dos dilemas eternos do terror e do suspense, que jamais deixarão de ser acusados de glorificar a capacidade humana de destruição. Eis aqui uma boa proposta: que a ficção lide com ímpetos condenáveis, imagens macabras, segredos repreensíveis e emoções espinhosas, mas que haja emoção. Repleto dela, Armadilha é hilário, tenso, ousado e mais humano do que permitem os parâmetros do realismo — como os melhores acertos do diretor em sua atual fase.

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