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Sherazade e o poder das histórias

Podemos e devemos, como pais, avós ou educadores, proporcionar o fascínio das boas histórias às crianças.

Por João Batista Oliveira 11 ago 2017, 11h16

Não, não é de novela que vou falar. Hoje quero convidar você a refletir sobre o poder das histórias que tanto fascinam as crianças. E por que elas gostam tanto de histórias? As razões são as mesmas pelas quais nós, adultos, gostamos delas. Mas há uma importante diferença na forma como adultos e crianças se engajam com o texto.

Ao lermos histórias, nós, adultos, decidimos suspender nossa descrença.  Sabemos que se trata de uma situação imaginária, inverossímil ou com pouca base no real. Mas assim mesmo mergulhamos na história – e, nessa fronteira da realidade com a ficção consentida, tomamos partido e experimentamos uma infinitude de emoções.

Com as crianças há uma diferença de natureza – elas podem se dar ao luxo de admitir que a ficção é real. Isso torna suas emoções infinitamente mais fortes.  Daí o poder das histórias. Mas há histórias e histórias, e histórias que emocionam precisam ser bem escritas e bem contadas.

Aí entra Sherazade, que, com os contos das 1001 Noites, personifica o poder das histórias. Para quem não se lembra: o rei Shahriyar, inconformado por ter sido traído pela esposa, passou a desposar uma virgem a cada noite – mandando matá-la na manhã seguinte.

Uma noite, ao voltar para casa, o vizir do rei encarregado de encontrar virgens disse para uma de suas filhas que ele não havia encontrado mais virgens na cidade: elas haviam morrido ou fugido.

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Sherazade, então, pediu ao pai que a casasse com o rei, pois ela seria capaz de acalmar a sua fúria. Temendo que ela fosse morta, o pai foi peremptório: “você não vai arriscar sua vida! Todas as mulheres acham que podem mudar seus maridos, mas isso raramente acontece”.

Determinada, Sherazade apenas fez um pedido ao pai: que levasse sua irmã Dunyazad ao palácio, na noite do casamento. Depois da festa, na hora de se despedir, Dunyazad deveria insistir com Sherazade para lhe contar uma história. Tudo se passou como combinado, e, dada a insistência de Dunyazad, o rei autorizou Sherazade a contar uma história. E assim começou a contação de histórias que nunca terminavam e faziam o rei dormir – e a cada noite precisavam ser recomeçadas…. Até que o rei se arrependeu de seus propósitos.

Sherazade é considerada a santa padroeira das histórias – ela ilustra o poder das histórias para fascinar a mente e estimular a imaginação de crianças e adultos. É nosso dever, como pais, avós ou educadores, proporcionar esse fascínio às crianças. E não apenas por 1001 noites.

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