O gentil envio de um estudo intitulado Educação e Progresso pelo Reitor da Universidade Federal de Itajubá motiva este blog. O estudo trata dos custos, do retorno econômico para os alunos e da contribuição econômica e social dessa reconhecida instituição à sociedade.
O estudo é simples e objetivo – apresenta os custos da instituição, os custos médios das instituições púbicas de ensino superior no país e os retornos econômicos dos egressos. Como dispõe dos dados individuais dos alunos, a instituição consegue acesso aos ganhos dos egressos por meio dos microdados da RAIS. Outras universidades, como a Unb e as universidades do sistema paulista, também já fizeram estudos nessa mesma direção.
Há pontos positivos e interessantes. O custo médio dos alunos matriculados nas Universidades Federais se situa em torno de 30 mil reais por ano, o da UNIFEI situa-se abaixo da média. No caso da UNIFEI, as taxas de retorno aos egressos da mesma são apreciáveis – mais de 32.500 reais adicionais por ano em relação a alunos que só concluíram o ensino médio.
Além disso, o referido estudo sugere que esses ganhos seriam superiores em 64% em relação às demais instituições de ensino superior, mas isso inclui públicas e privadas. Mas para ficar apenas com os dados da UNIFEI, um investimento médio de 100 mil reais gera um retorno adicional individual de 1.200.000 reais ao longo da vida e um retorno econômico na forma de impostos estimado em quase 400 mil reais por ano – tudo isso calculado em valor presente. E, claro, sem contar outros efeitos positivos para a família do graduado e para a sociedade como um todo.
Os méritos da UNIFEI e sua folha de contribuições à sociedade são bem conhecidos – não é este o propósito deste blog. Mas, óbvio, cabe reconhecê-los e registrá-los. Nada do que será dito adiante os reduz ou os ofusca. Registramos três reflexões de interesse para o debate público.
Primeiro, há uma seletividade entre alunos das universidades públicas e a maioria dos demais alunos. Comparar diretamente esses alunos com o agregado dos egressos das particulares reduz bastante a força do argumento e o significado do seu impacto – em tese, esses mesmos alunos poderiam ter ingressos comparáveis se tivessem cursado instituições privadas. Possivelmente, há ganhos significativos para os cotistas, muitos dos quais não teriam tido condições de financiar o ensino numa instituição privada.
Segundo, o comportamento das universidades públicas, especialmente as federais, é muito distinto. Menos de 20 delas aportam contribuições científicas significativas em termos quantitativos e qualitativos, conforme amplamente documentado em estudos de cienciometria. Portanto, é preciso cautela nas generalizações.
Terceiro, se as taxas de retorno privado são tão expressivas, não seria mais justo, do ponto de vista social, um sistema universal de cobrança de mensalidade com base nos ganhos adicionais dos egressos do ensino superior público?