No post anterior, comentamos as propostas de Jair Bolsonaro (PSL). Neste, focamos nas de Fernando Haddad (PT) e, no desta quinta-feira (11), comentaremos as principais semelhanças e diferenças entre as duas.
Para início de conversa, o documento do PT é apresentado como sendo de Lula, não de Haddad, mas reflete fielmente o compromisso com a continuidade do que foi feito nos anos em que o partido comandou o país.
Não há diagnóstico, embora o documento celebre como grandes feitos os resultados obtidos pelo país nas séries iniciais e os avanços logrados nos resultados das séries finais.
Há uma descrição das ações empreendidas pelos governos petistas e menções à nefasta ação destrutiva que o “governo golpista” promoveu.
Segundo o documento, o “golpe de 2016” interrompeu um ciclo virtuoso de investimentos e abriu caminho para o desmonte da educação pública.
São cinco as diretrizes apresentadas: (1) formar educadores, gestores, reformular o ensino médio e a educação integral; (2) concretizar as metas do PNE – Plano Nacional de Educação; (3) institucionalizar o Sistema Nacional de Educação; (4) criar novos mecanismos de financiamento e (5) fortalecer a gestão democrática em todos os níveis.
Há duas menções ao governo Michel Temer que merecem destaque. Uma diz que “serão realizados fortes ajustes na BNCC – a Base Nacional Comum Curricular, em diálogo com a sociedade, para retirar as imposições obscurantistas e alinhá-las às diretrizes Curriculares e ao PNE”.
A outra assegura que o futuro presidente vai “revogar a reforma do ensino médio implantada pelo governo golpista, que estabeleceu que uma parcela importante da grade curricular seja ofertada na modalidade de ensino à distância”. E que vai implementar, em seu lugar, uma reforma que articula o ensino médio propedêutico ao ensino técnico e profissionalizante — a chamada “politecnia”, e ainda promete forte direcionamento dos recursos do Sistema S.
Ou seja: trata-se de um plano elaborado, abrangente, que dá continuidade ao que os governos anteriores do PT implementaram no país, e que é considerado por muitos — e não só pelos eleitores do Nordeste — como bem-sucedido. E que não leva em conta restrição fiscal, mudanças demográficas, custos, eficiência ou resultados. Tudo e todos pela educação. E como tudo é fruto de consenso forjado em assembleias cuidadosamente constituídas, só não concorda quem não é democrata…