Dirigido por Jonathan Glazer, o longa Zona de Interesse faturou o Oscar de melhor filme internacional e de melhor edição de som na 96ª edição da cerimônia de Hollywood, realizada na noite deste domingo, 11, em Los Angeles. A obra também concorria nas categorias de direção, filme e roteiro adaptado. A trama narra a história real de uma família nazista que viveu ao lado do campo de concentração de Auschwitz, no Sul da Polônia, onde cerca de 1,1 milhão de pessoas — em sua maioria judias — foram aprisionadas durante o Holocausto. A família em questão era formada pelo comandante alemão Rudolf Höss, sua esposa, Hedwig, e os cinco filhos do casal: Klaus, Heidetraut, Brigitte, Hans e Annegret. Entre 1940 e 1944, eles moraram em uma casa idílica a apenas um muro de distância dos crematórios e câmaras de gás onde aconteciam execuções cruéis.
Filha do meio, Brigitte descrevia a residência na qual viveu dos 7 aos 11 anos de idade como um “paraíso”. Os horrores que aconteciam além do muro eram desconhecidos pela jovem. Tudo mudou com a derrota dos nazistas no fim da Segunda Guerra Mundial: Hedwig fugiu para o Norte da Alemanha com os filhos, enquanto Rudolf foi capturado e condenado à pena de morte pelos seus crimes. Em 1947, o patriarca da família Höss foi enforcado em Auschwitz, perto da casa onde vivia com a família.
Em busca de um recomeço, Brigitte imigrou para a Espanha na década de 1950 e manteve seu passado em segredo. Loura, esguia e com atitude forte, a jovem fez carreira como modelo de passarela em Madri. Foi até mesmo rosto da Balenciaga, casa de alta-costura que ganhava espaço no cenário da moda europeia na época. Conheceu um engenheiro irlandês-americano que estava na capital espanhola a trabalho e os dois se casaram, em 1961. Antes do matrimônio, ela revelou sua história ao noivo, que ficou surpreso, mas foi compreensivo. “Ela era tão vítima quanto qualquer outra pessoa”, contou ele ao jornal The Washington Post em 2013.
Brigitte adotou o sobrenome do marido, nunca revelado, como forma de proteger ainda mais sua identidade. Ele prestava serviço para uma empresa de comunicações com sede em Washington e viajava frequentemente. Juntos visitaram uma série de países, como Libéria, Grécia, Irã e Vietnã. Em 1972, o casal se estabeleceu nos Estados Unidos e teve dois filhos, dos quais Brigitte escondeu a identidade do avô. “Quando me perguntavam sobre meu pai, eu dizia que ele tinha morrido na guerra”, explicou.
Vivendo em Georgetown, bairro nobre de Washington, Brigitte conseguiu um emprego na luxuosa boutique Saks Jandel, que vendia peças de grandes marcas à elite da cidade. A clientela do local incluía socialites, primeiras-damas, como Nancy Reagan, Hillary Clinton e Barbara Bush, e até mesmo Elizabeth Taylor, estrela de Hollywood. Curiosamente, a loja pertencia a Ernest Marx, empresário judeu-alemão que fugiu da Europa durante a guerra temendo perseguição pelos nazistas. Ele descobriu quem fora o pai da funcionária, mas não a demitiu nem a culpou pelos crimes do genitor.
A última notícia que se tem de Brigitte é de 2013, quando ela concedeu uma entrevista ao The Washington Post sobre sua infância na casa em Auschwitz e sobre o pai. Na época, estava com 80 anos de idade e lutava contra um câncer. Divorciada desde 1982, a ex-modelo morava com o filho no estado da Virgínia.
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