Há oito anos, em 13 de julho de 2014, Conrad “Coco” Roy tirou a própria vida no estacionamento de um supermercado em Fairhaven, Massachusetts, nos Estados Unidos. O jovem de apenas 18 anos se trancou dentro de sua caminhonete e morreu intoxicado por monóxido de carbono. O suicídio decorrente de uma depressão profunda se desdobrou em um julgamento midiático que abalou o estado americano até 2020. A razão disso foi a descoberta de que Michelle Carter, namorada de Roy então com 17 anos, o incentivou a se matar através de várias mensagens de texto enviadas pelo celular. A história real inspirou a série The Girl from Plainville (A Garota de Plainville, em tradução livre) – Plainville vem a ser a cidade da jovem. A produção da plataforma americana Hulu está disponível no Brasil pelo Starzplay e tem Elle Fanning e Colton Roy como intérpretes do casal Michelle e Conrad, respectivamente.
Baseada no artigo do jornalista Jesse Barron na Esquire, a série The Girl from Plainville é bem fiel à realidade, com poucas modificações em relação ao que aconteceu, além de uma caracterização quase perfeita da jovem Michelle Carter em Elle Fanning. O enredo narra como a namorada de Conrad Roy se apresentou à família dele após a morte, agindo como se fosse uma viúva, apesar de quase ninguém ter conhecimento do relacionamento entre eles, principalmente a mãe do garoto, Lynn (interpretada por Chlöe Sevigny na ficção). Como na série, os namorados realmente se conheceram durante uma viagem de férias na Flórida e passaram a se corresponder via SMS, tendo se encontrado pouquíssimas vezes. Entretanto, na vida real, a mãe do rapaz conheceu Michelle uma vez antes da morte dele e não depois como retratado na trama. Após o velório, policiais decidiram olhar o celular da vítima e descobriram mensagens perturbadoras de Michelle com instruções de como cometer suicídio.
The Girl From Plainville usou como artifício colocar a maioria dos diálogos entre eles como se tivessem sido pessoalmente, sendo que foram apenas virtuais. A série também é fiel ao fato de que, após investigações, uma procuradora decidiu indiciar Michelle por homicídio involuntário do namorado, mesmo com o risco de derrota nos tribunais. Durante o julgamento, foi mostrado que ambos tinham histórico de depressão, que Roy já havia tentado se matar antes e que ela sofria de distúrbios alimentares. A jovem dispensou o júri, cabendo a decisão apenas ao juiz. Para o magistrado, pesou o fato de que a garota tinha conversado por telefone com o parceiro pouco antes de ele morrer, mostrando que ele queria desistir, mas ela não deixara. “Ele queria parar, mas eu mandei ele voltar para a p**** do carro”, admitiu a ré em uma mensagem enviada a uma colega de escola — conversa detalhada na série.
Apesar de não existir uma lei que proíba o suicídio assistido, a Justiça americana a condenou depois de poucas semanas de julgamento, em 2017. O juiz Lawrence Moniz argumentou que Michelle poderia ter impedido a morte, mas fez justamente o contrário, com uma “conduta devassa e imprudente”. Michelle Carter foi sentenciada a 15 meses de prisão, mas cumpriu apenas 11 por bom comportamento. A produção disponibilizada semanalmente no Starzplay conta a história até esta parte. Atualmente, Michelle Carter segue morando em Plainville, mas vive reclusa em casa. A família de Conrad Roy luta para aprovar a ‘Lei de Conrad’ em Massachusetts para que pessoas sejam condenadas a pegar até cinco anos de prisão por coagir alguém a tirar a própria vida.
Confira o trailer de The Girl from Plainville, do Starzplay:
https://www.youtube.com/watch?v=1ggY5cXUPrY