Durante a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, chamou atenção a quantidade de deputados que justificavam o voto ao microfone com cabelo de cor acaju. Nas redes sociais, falou-se até em “bancada do acaju“.
No Congresso do Partido Comunista chinês, que acontece a cada cinco anos, quase todos ostentam cabelos pretos. Raríssimos deixam à mostra algum fio cinza. Quando estão sentados no Grande Salão do Povo, em Pequim, fica impossível distinguir um do outro.
A confusão é proposital. Em um regime em que a disciplina partidária está acima de tudo, diferenciar-se não é algo desejável e pode render problemas. Assim, os líderes chineses se esforçam por não chamar atenção: os ternos são pretos e as gravatas, vermelhas ou azuis.
A estética que privilegia o coletivo, em detrimento do individual, foi e continua sendo a tônica em vários regimes comunistas. Nas fotos das autoridades da Coreia do Norte, também é impossível diferenciar uma pessoa da outra. O único que se destaca é o ditador Kim Jong-un.
Foi também com o objetivo de valorizar o coletivo que os governos comunistas desenvolveram o gosto pelos uniformes, sejam eles militares ou escolares. Em Cuba, apesar do desabastecimento e da pobreza, as crianças sempre estão com impecáveis uniformes a caminho da aula.
Além da vontade de apagar a individualidade, na China existe a noção de que os que trabalham têm cabelos pretos e os aposentados são grisalhos. É por isso que muitos deixam de tingir os fios assim que deixam o emprego.
A forma mais usada para pintar o cabelo na China é com as tinturas químicas usadas em salões. Mas muitos acreditam que tomar uma sopa de galinha sedosa, que tem carne e ossos escuros, pode manter a cor dos cabelos sempre preta. Aliás, o que os chineses não comem?