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Dá para ser budista e terrorista ao mesmo tempo?

  O primeiro e mais importante princípio de todo budista é abster-me de matar seres vivos. Muitos levam esse mandamento tão a sério que se tornam vegetarianos. Mas, em Mianmar, antiga Birmânia, o monge Ashin Wirathu, do grupo 969,  prega abertamente a violência contra muçulmanos. Duas centenas de pessoas já morreram nos conflitos desde 2013. Como explicar que […]

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 23h27 - Publicado em 24 fev 2016, 15h38
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  • Myanmar’s radical Buddhist monk Ashin Wirathu attends a media briefing in Colombo, Sri Lanka, Tuesday, Sept. 30, 2014. Wirathu, known for his anti-Muslim campaign, has formalized an agreement with a like-minded Sri Lankan Bodu Bala Sena or Buddhist Power Force to work together to protect Buddhism which he says is challenged worldwide. (AP Photo/Eranga Jayawardena)

    O monge budista radical Ashin Wirathu, de Mianmar, que prega contra muçulmanos e provocou já provocou centenas de mortes. Crédito: Eranga Jayawardena / AP Photo

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    O primeiro e mais importante princípio de todo budista é abster-me de matar seres vivos. Muitos levam esse mandamento tão a sério que se tornam vegetarianos. Mas, em Mianmar, antiga Birmânia, o monge Ashin Wirathu, do grupo 969,  prega abertamente a violência contra muçulmanos. Duas centenas de pessoas já morreram nos conflitos desde 2013. Como explicar que uma religião que prega a não-violência estimule a morte de indivíduos de outras crenças?

    Ao longo dos séculos, pensadores budistas fizeram vários malabarismos intelectuais para justificar as agressões de seus colegas. Um dos mais recorrentes é usar o argumento da legítima defesa. Wirathu nunca manda seus seguidores atacarem muçulmanos. O que ele pede é para eles defenderem a raça, as pessoas e o país (Wirathu é um lesado. Segundo ele, uma maioria muçulmana quer destruir Mianmar com a ajuda dos países árabes. Na realidade, os muçulmanos são apenas 4% da população).

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    Outra prática comum é a de desumanizar os inimigos. Na crônica Mahavamsa, do século II, o rei budista Dutthagamani fez uma guerra santa contra invasores estrangeiros liderados pelo rei tamil Eara, atual Índia. Um monge o consolou dizendo que a morte de infiéis do mal não constituiria assassinato, uma vez que os guerreiros tamis não eram nem meritórios, nem budistas. A morte deles então não deveria carregar mais peso que a de animais.

    Na definição mais básica, terrorismo é quando um grupo mata inocentes e espalha o medo em uma sociedade com o objetivo de alcançar um fim político. Os budistas radicais de Mianmar encaixam-se nessa categoria, embora não tenham algumas características normalmente ligadas ao terrorismo. Eles não fazem parte de uma minoria e contam com a proteção das autoridades locais.

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    “Muitas pessoas no Ocidente também têm dificuldade de pensar que budistas podem ser terroristas porque associam o budismo com meditação, tranquilidade e paz. Essas ideias estão em desacordo com o conceito ocidental de terrorismo”, diz o filósofo americano Michael Jerryson, autor dos livros Buddhist Fury e Buddhist Warfare (sem tradução para o português).

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    A disparidade de visões dentro do budismo é uma consequência de sua evolução histórica. As vertentes praticadas no Sudeste Asiático são formadas principalmente por homens que nasceram budistas e que valorizam principalmente os rituais, a disciplina e a vida monástica. Na escola Theravada, a mais antiga, divagações metafísicas, filosóficas e éticas são menos relevantes. Já o budismo ocidental, que chegou à Europa e aos Estados Unidos no final do século XIX, é quase todo o oposto. Seus fiéis são, em sua maioria, pessoas que se converteram, incluindo muitas mulheres, que interpretaram as escolas budistas segundo valores próprios, como democracia, igualdade e justiça. Essa turma afastou o budismo das circunstâncias em que esse se desenvolveu e limpou todo o sangue de sua história.

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