
O volume de crimes (dez) pelos quais é acusado no relatório final da CPI da Covid, lido hoje, 20, nem é o principal problema de Jair Bolsonaro. Afinal, no âmbito judicial pode se safar de muitos ou até da maioria deles. Na cena política e social é que reside o pior para ele, na condição inédita de presidente nominalmente acusado por comissão parlamentar de inquérito.
A CPI dos Correios, que resultou no processo do mensalão e dizimou a cúpula e a reputação do PT, passou longe da figura do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, por consequência, também ficou de fora da denúncia apresentada, e aceita, ao Supremo Tribunal Federal.
Descontadas a natureza dos fatos e o espírito do tempo político em relação a um e a outro, Bolsonaro teve esse destino por se tratar de um réu que, além de confesso, não cansou de produzir provas contra si. Ficou assim demonstrado no relatório que não trouxe novidade, mas expôs um resumo das ações deletérias e das omissões gravosas do presidente da República no transcorrer da pandemia de Covid-19.
A pergunta que fica agora é sobre os resultados. Serão firmes ou a coisa toda acabará na base do dito pelo não dito? Certamente haverá consequências, mas convém não esperar que sejam céleres. O tempo da Justiça é diferente dos tempos da sociedade e da política.
Voltando ao caso do mensalão, cumpre lembrar que a CPI dos Correios terminou em abril de 2006, o então procurador-geral apresentou a denúncia ao STF no final de 2007 (novembro) e o processo só foi julgado em 2012. Demorou, mas como se viu, não falhou.