Ou bem o presidente Michel Temer considera que os pedidos de abertura de inquéritos contra oito de seus ministros no Supremo Tribunal Federal representam um desconforto inaceitável para o governo, suficiente para justificar demissões, ou não faz sentido sua declaração oblíqua de que é provável que alguns deles peçam demissão por se acharem “desconfortáveis” na condição de investigados. Se foi uma sugestão, não vai adiantar.
Não apenas porque esse gesto os tiraria do conforto do foro especial de justiça por prerrogativa de função. No caso presente é uma agravante. Mas, em geral ministros não são dados ao voluntariado desse tipo. Três presidentes antes de Temer tentaram inutilmente “sugerir” a renúncia do Ministério para facilitar uma recomposição da equipe. Lula uma vez, Dilma outra e Fernando Henrique por duas ocasiões. Numa delas o fez oficialmente, por escrito. Só dois responderam que sim, estariam dispostos a deixar os cargos: Clóvis Carvalho, da Casa Civil, e Raul Jungman, da Reforma Agrária. Diante do corpo mole dos colegas, ficou o dito pelo não dito.