Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Dora Kramer Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Opção pelo despreparo

O país desenvolveu um gosto masoquista pela incompetência?

Por Dora Kramer Atualizado em 28 jan 2019, 15h14 - Publicado em 25 jan 2019, 07h00

Democracia é um jogo complicado. O melhor entre os piores, conforme ensinou Winston Leonard Churchill, primeiro-ministro inglês autor do discurso de posse, em 1940, em que anunciava ao povo tempos de “sangue, suor e lágrimas”. Por sua resistência às falsas propostas de acordos de Hitler, salvou o Reino Unido e o mundo (com a determinante adesão dos Estados Unidos) da dominação nazista, o que não o impediu de perder a eleição seguinte ao fim da II Guerra.

Democracia é um jogo complicado. Nem sempre se elegem os melhores. Em 1989 havia um cardápio de candidatos que ia de Roberto Freire a Mário Covas, passando por Ulysses Guimarães, e o eleitor brasileiro pós-­ditadu­ra preferiu Fernando Collor, a quem logo iria “despreferir”, por motivo de corrupção ativa.

Nas eleições seguintes o eleitor contrariou as previsões que davam Lula como predileto e elegeu e reelegeu Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno, devido aos ganhos do Plano Real. Encerrou-se ali o breve ciclo de escolhas racionais. Em 2002 o país poderia optar entre o evidente avanço que significaria a eleição do mais que qualificado José Serra e a aventura supostamente esquerdista representada por Luiz Inácio da Silva.

Não apenas o histórico de ambos mas principalmente os embates na televisão deixavam claro quem estava mais preparado para dirigir o Brasil. Era nítida a diferença entre o senso e o dissenso, porém o eleitorado preferiu arriscar. Deixou de lado o que hoje está muito claro que representaria um avanço inequívoco para o país. O Brasil teria seguido outro rumo (muito melhor) com Serra sucedendo a FH na Presidência.

Esse esquisito gosto pela falta de qualificação (em vários aspectos, diga-se) na escolha de governantes se manifestaria de novo com a reeleição de Lula, a despeito da já então conhecida série de escândalos cujo carro-chefe seria o caso do mensalão, e se repetiria mais duas vezes com Dilma Rousseff. A presidente que se tornaria alvo de piadas por sua maneira peculiar de falar e raciocinar era a mesmíssima de quando ministra-­chefe da Casa Civil e depois candidata à Presidência. O que mudou foi o humor da população. Na eleição a cigana não enganou ninguém.

Continua após a publicidade

Quem quis (a maioria, por sinal) deixou-se levar. E de novo agora, quando os deliberadamente desavisados se surpreendem com a falta de preparo de Jair Bolsonaro para o exercício da Presidência. A evidência mais explícita, por internacional, deu-se na pífia apresentação em Davos. Além do minguado conteúdo (já presente nos pronunciamentos quando da vitória e da posse), o presidente mostrou-se deslocado em seu provincianismo naquele ambiente de marca global.

Lições de mundo sempre podem ser aprendidas, mas as herdadas “de casa” pesam negativa e definitivamente, conforme demonstra o conteúdo do baú familiar de cometimento de delitos típicos de baixo clero (uso de laranjas, contratação de funcionários-fantasma) e outros atinentes a obras mais pesadas como a proximidade com agentes de milícias. E o governo mal começou. Donde convém apertar os cintos.


Publicado em VEJA de 30 de janeiro de 2019,
edição nº 2619

Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA Qual a sua opinião sobre o tema deste artigo? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.