Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Dora Kramer

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Fragilidade ideológica

Nem direita nem esquerda: o eleitor escolhe o que lhe é vantajoso

Por Dora Kramer Atualizado em 4 jun 2024, 16h48 - Publicado em 12 out 2018, 07h00

A onda direitista que varreu o Brasil junto com os efeitos do “antipetismo” arraigado nas almas brasileiras é a explicação recorrente e quase unânime para o desempenho exitoso de Jair Bolsonaro nesta eleição. Realmente é o que fazem supor as aparências. Mas não necessariamente é o que está depositado sob camadas menos aparentes da realidade ainda no aguardo de ser desvendadas.

Não tenho notícia de que o país fosse esquerdista em 2002 e assim tivesse se mantido pelos seguintes doze anos em que elegeu e reelegeu governantes do PT. Pelo critério das análises correntes, o brasileiro seria um povo muito volúvel. Foi de direita ao escolher Fernando Collor, aderiu ao centro quando elegeu Fernando Henrique duas vezes em primeiro turno, inscreveu-se na esquerda nas eleições e reeleições de Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff, e voltou-se de novo para o direitismo ao levar Bolsonaro agora à condição de campeão do primeiro turno em situação numérica e politicamente difícil (para dizer pouco) de ser modificada.

Em nenhuma dessas ocasiões esteve em jogo a ideologia. Na maioria, o eleitor é antes de tudo um pragmático. Não é esquerdista nem direitista, é governista quando isso evoca a obtenção de benefícios, e daí faz a escolha que lhe parece mais vantajosa como demonstra a fidelidade do Nordeste ao PT — misto de gratidão e crença de que o Brasil possa ser “feliz de novo” mediante a mágica de um toque na tecla da urna.

Minoritários, os eleitores ideológicos habitam as extremidades, embora a média possa se comportar de maneira extremada quando pautada por turbulências mentais e emocionais. Duas eleições passadas foram, como esta agora, marcadas por boa dose de irracionalidade, algo comparado a uma “fé de manada” contra a qual não há argumento que dê jeito.

Fernando Collor já tinha sido um prefeito de Maceió e um governador de Alagoas nos moldes do que viria a ser na Presidência. No entanto, o eleitorado de 1989 não quis nem saber dos fatos, preferindo embarcar na simbologia do santo guerreiro. Fez o mesmo treze anos depois, quando preferiu acreditar num PT artificialmente repaginado e adaptado pelo marketing às circunstâncias a esquadrinhar racionalmente o comportamento do partido (e também do líder, Lula) nas duas décadas anteriores.

Continua após a publicidade

Repete o padrão agora, ao conferir a Bolsonaro atributos extraordinários que ele não tem e poderes que a um presidente não são permitidos. O eleitorado se posiciona em reação àquilo que por várias vezes escolheu mediante critérios e crenças equivocadas. Aplica força semelhante, mas em sentido contrário. O efeito “fé de manada”, contudo, é o mesmo.

Tudo isso para um resultado, lamentavelmente, cumpre informar, também desastroso. Tenha o segundo turno o resultado que tiver porque, preceito comezinho da psicologia, não se pode errar sempre esperando que um dia o erro se configure em acerto por obra do espírito santo protetor dos seres desprovidos de juízo.

Publicado em VEJA de 17 de outubro de 2018, edição nº 2604

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.