Definitivamente Jair Bolsonaro não é um homem vocacionado para a paz. Não conseguiu esperar mais de 24 horas depois de um feito e tanto com a aprovação da reforma da Previdência na Câmara para criar mais um foco de atrito no Congresso, e anunciou que pensa indicar o filho Eduardo para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Terá ficado enciumado com os louros dedicados ao desempenho de Rodrigo Maia e daí tentado atrair as atenções para si? Vai-se saber, mas fato é que o anúncio cabe à perfeição no feitio de Bolsonaro. O que não cabe no modelo da diplomacia são os modos e as falas do deputado cujas qualificações citadas são a fluência em dois idiomas (inglês e espanhol) hoje falados por uma quantidade expressiva de jovens, a proximidade com a família Trump e a “vivência de mundo”, seja lá o que isso queira dizer.
Bem, mas a diplomacia propriamente dita? A conferir o leitor dê uma olhada na entrevista do deputado na edição de VEJA que começa a circular hoje (12/07). Eduardo e seus irmãos, assim como o pai, são tudo, menos diplomáticos.
Custa crer que o presidente manterá a indicação, tantos são os empecilhos no meio do caminho. Os principais, a querela legal imposta por uma súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal vetando a prática do nepotismo e a passagem do nome de Eduardo pela sabatina e votação no Senado.
É tão conflituosa a ideia que talvez não seja impossível se cogitar a hipótese de Bolsonaro ter lançado o tema ao molde de “bode na sala” e esteja apenas querendo facilitar a nomeação do embaixador Nestor Forster, um bolsonarista de primeira hora que atenderia a três critérios: o da carreira, do da experiência (já atua na embaixada em Washington) e o da afinidade.