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Dias Lopes

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A vez das bruxas

A festa do Halloween, que veio dos Estados Unidos, nada tem a ver com a nossa tradição cultural, mas chegou para ficar

Por J.A. Dias Lopes Atualizado em 30 jul 2020, 21h25 - Publicado em 3 nov 2016, 12h00
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Abóbora iluminada: para afastar bruxas e espíritos do mal – Foto: Divulgação

Muitas pessoas não gostam de ver os brasileiros comemorando o Halloween, nome inglês do Dia das Bruxas, festejado a 31 de outubro. Incluo-me no grupo. Essa celebração, que os americanos herdaram dos colonizadores britânicos e difundiram mundo afora, desembarcou em São Paulo no final do século passado, trazida pelos cursos de inglês e escolas de igual ascendência. A partir de então, começou a se espalhar nacionalmente.

Criticar o Halloween não constitui  xenofobia, até porque se trata de guerra perdida. É uma festa que veio para ficar, pois diverte as crianças e os jovens. Constatei isso no dia 31 de outubro, segunda-feira passada, ao ver minhas duas netas enfeiando os rostinhos lindos com falsas veias saltadas, idem manchas imitando sangue, verrugas e dentes postiços de plástico. Depois, percorreram os apartamentos do prédio, tocando a campainha dos vizinhos e pronunciando a frase convencionada: “doces ou travessuras”. Eles acharam “uma graça”.

O problema é de incompatibilidade cultural. Na tradição latina e católica, a bruxa se apresenta como agente do mal. Por isso a retratamos velha, nariguda e encarquilhada, dando gargalhadas horríveis, circulando por aí  montada em uma vassoura voadora. Durante a Santa Inquisição, o tribunal religioso criado na Idade Média para excluir da sociedade os opositores dos preceitos católicos, as bruxas e as suspeitas de sua ação maléfica eram queimadas na fogueira.

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Há hipóteses contraditórias para a origem do nome. Uma versão afirma que a palavra bruxa vem de brixto e brixtu, vocábulos celtas – o povo pagão de raça caucásica que entre os séculos 7 e 6 a. C. dominou quase toda a Europa Ocidental. As duas palavras envolvem magia e feitiçaria. Já na tradição dos britânicos e americanos, as bruxas podem ser tanto detestáveis como divertidas.

Entre os celtas, elas se manifestavam na noite de 31 de outubro, junto com os espíritos dos mortos que vinham à terra para entrar nos corpos humanos. A festa coincidia com a virada do ano e a chegada do inverno no hemisfério norte. Para afugentar esses seres, os celtas cobriam o rosto com máscaras, acendiam velas dentro de nabos, mas apagavam o fogão da casa. No dia seguinte, seus sacerdotes o acendiam de novo e ofereciam sacrifícios aos deuses pagãos.

A tradição dos celtas acabou se misturando como rito dos romanos, que dominaram depois deles a Europa Ocidental. No dia primeiro de novembro, os novos senhores do Velho Continente festejavam Pamona, deusa da abundância e dos pomares. Abandonou-se a prática dos sacrifícios, mas o cerimonial das bruxas e das máscaras continuou inalterado. Chegando aos Estados Unidos, os nabos iluminados foram substituídos pelas abóboras, mais abundantes no país e de tamanho maior. Daí o fato de essa planta da família Cucurbitaceae virar símbolo do Halloween.

Condenando a festa pagã, a Igreja Católica tentou convertê-la à sua fé. Com esse propósito, em 835 o papa Gregório IV transferiu a festa de Todos os Santos de 13 de maio para 1° de novembro. Alcançou sucesso parcial. O povo britânico seguiu festejando o Halloween, palavra derivada do inglês antigo Allhallow’seve, que significa “véspera de todos os santos”.

No ano que vem haverá um problema nos Estados Unidos, país de maioria protestante. O dia 31 de outubro é também a data em que luteranos e afins comemoram sua separação da Igreja Católica Apostólica Romana, por motivos que não vem ao caso relembrar aqui. Foi quando, em 1517, Martinho Lutero deflagrou a Reforma Protestante. Em alemão se denomina  Reformationstag. Os luteranos ameaçam fazer campanha para que o Halloween não seja comemorado nos 500 anos da sua efeméride.

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Alguém dirá que uma festa a mais não faz mal ao Brasil, país acossado por uma crise econômica, financeira, social e moral sem precedentes. Ou que ela se instalou aqui porque somos muitos suscetíveis às influências americanas, mesmo as que nada têm a ver conosco. Afinal, conforme declarou em 1964 o militar e político cearense Juracy Magalhães, quando assumiu a embaixada brasileira em Washington, “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Lamentavelmente, o Halloween referenda essa sentença deplorável.

SOPA DE ABÓBORA

Por Cláudia Matarazzo (*)

Rendimento: cerca de 6 porções

Sopa de abóbora: feita com o símbolo do Halloween
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Sopa de abóbora: feita com o símbolo do Halloween – Foto: Reinaldo Mandacaru

INGREDIENTES

  • 1/2 moranga (ou abóbora japonesa) média, em pedaços
  • 7 lascas finas de gengibre
  • 1 garrafa de leite de coco pequena
  • Salsinha picada a gosto
  • Pimenta vermelha picada a gosto (opcional)
  • Sal a gosto

DECORAÇÃO

Talos de salsinha

PREPARO

1. Cozinhe a abóbora e o gengibre em água com sal e processe com um pouco do caldo do cozimento para adquirir a consistência cremosa.

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2. Apure o creme no fogo, junte o leite de coco, a salsinha picada e a pimenta. Ajuste o sal e sirva quente, com os talos de salsinha da decoração.

 

(*) Cláudia Matarazzo é paulistana, jornalista profissional, apresentadora de televisão, especialista em comportamento, moda e regras de etiqueta a serem observadas em todos os momentos, inclusive à mesa, e cozinheira amadora.

 

 

 

 

 

 

 

 

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