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Diário da Vacina

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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O perigo do ‘nacionalismo vacinal’ e os efeitos contra os mais carentes

Países como o Canadá e o Reino Unido compraram doses de vacina suficientes para vacinar, no mínimo, cinco vezes suas populações

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 fev 2021, 13h17 - Publicado em 10 fev 2021, 13h08
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  • 10 de fevereiro, 11h06: Em agosto passado, quando as primeiras vacinas anti-Covid ainda estavam em fase de desenvolvimento, países ricos reservaram mais de 2 bilhões de doses para proteger seus nacionais. Ao contrário do Brasil, cujas autoridades colocaram todos os ovos em uma cesta só, optando por priorizar o imunizante produzido pela parceria Oxford-AstraZeneca – Estados Unidos e União Europeia, por exemplo, apostaram no escuro em fármacos que podiam dar errado, mas que, ao final, se mostraram altamente eficazes contra o novo coronavírus. Agora, com compromissos de compra de muito mais doses do que todos os seus habitantes somados, esses mesmos países são criticados por adotarem o que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, chamou de “nacionalismo vacinal”, uma prática de proteger primeiro os seus mesmo que às custas de seus vizinhos sucumbirem à Covid.

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    Um recente artigo publicado no British Medical Journal (BMJ) mostra que os Estados Unidos, que tem uma população aproximada de 330 milhões de habitantes, já garantiram para si 800 milhões de doses de vacinas anti-Covid de seis farmacêuticas diferentes e assinaram contrato para a compra de um bilhão de ampolas a mais. Baseado nos compromissos do governo do premiê Boris Johnson, os 66 milhões de britânicos terão à disposição 340 milhões de doses, o que equivale a mais de cinco ampolas por habitante. O Canadá se preparou para a compra de até de 400 milhões de doses para seus 38 milhões de residentes – mais de dez vacinas por pessoa. O nacionalismo vacinal é mais um duro exemplo da abissal desigualdade econômica entre os países.

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    O novo coronavírus não respeita fronteiras, mesmo que governantes considerem que possam transformar seus países em uma espécie de bolha anti-Covid. O enfrentamento da pandemia precisa ser uma estratégia coletiva em que os países se juntem para vacinar os seus e o próximo o mais rápido possível para evitar a proliferação de um número cada vez mais alto de variantes potencialmente mais transmissíveis.

    Para além dos países mais pobres que até agora não viram uma gota de qualquer vacina anti-Covid, planos nacionais de imunização em todo o mundo também não podem negligenciar as 60 milhões de pessoas vivem em regiões de conflito armado. Se essas pessoas não forem vacinadas, permanece o risco de o vírus circular e, diante de situações sanitárias precárias, ampliar a taxa de mortalidade por Covid. Abrir mão do nacionalismo vacinal para imunizar também os mais carentes exige desprendimento e organização.

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    “Este arranjo só é possível com a permissão de altas autoridades. Esperamos que os governantes em todos os lugares reconheçam o valor desta campanha de vacinas e facilitem o trabalho que os profissionais de saúde deverão realizar em breve para manter todas as populações seguras. Requisitos técnicos, como refrigeração, devem ser mantidos em mente e respeitados. Não é um trabalho fácil, mas pode ser feito com um planejamento cuidadoso e coordenação entre as pessoas em posição de autoridade”, disse ao blog Jason Straziuso, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

    Se não pensarmos em abolir o nacionalismo vacinal, de nada terá adiantado um dia termos pensado que o mundo poderia sair melhor e mais solidário desta pandemia.

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