Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Coluna da Lucilia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Lucilia Diniz
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

Voto saudável

Nossas escolhas devem ser sempre preservadas

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 out 2022, 10h19 - Publicado em 28 out 2022, 06h00

Recentemente meu marido e eu fomos assistir à ópera O Amor das Três Laranjas no Theatro Municipal de São Paulo. O enredo retrata as aventuras de um príncipe tomado pela melancolia a quem um especialista em entretenimento recebe a missão de curar pelo riso. Ele é ajudado por um mago que acaba distraído por uma bruxa, ligada a um grupo que quer ganhar influência na corte. A bruxa impõe ao príncipe a conquista do amor de três laranjas, cada uma delas prometendo virar uma princesa. Duas delas morrem e, enquanto o príncipe se prepara para noivar com a terceira, essa é transformada em um rato. Dizem que o significado de uma obra não é gerado somente pelo seu autor. Cada vez que ela é experimentada pelo público, está sujeita a ganhar novas interpretações. Embora a obra de Prokofiev tenha mais de 100 anos, foi inevitável identificar alguma atualidade na trama. Involuntariamente ou não, a ópera me remeteu a algumas cenas assistidas nesses últimos meses, nas quais magos do marketing e especialistas em conteúdo “nonsense” de redes sociais protagonizaram uma mistura de fábulas, sátiras e comédias do absurdo. Tudo para fazer valer a promessa de que, dentro de uma “laranja”, poderia haver uma noiva digna de nos enamorarmos.

Não é o caso de entrar em detalhes do enredo, até porque nenhuma sinopse captaria o surreal da peça. Basta dizer que nada sai de acordo com a expectativa do soberano. Tal como nada sai de acordo com a expectativa do público que assiste àqueles embates, sem imaginar o que acontecerá nos próximos atos. Mesmo assim, sempre valerá a pena nos engajarmos com o que acontece no palco.

“Não há divergência que justifique a desunião de tantas famílias, o afastamento mútuo de amigos queridos”

Domingo, como todos sabem, é dia de espetáculo para uma nação livre como a nossa. E a essa altura não vale a pena revisitarmos as passagens mais polêmicas dos últimos episódios. Nossa convicção provavelmente já foi feita. É hora de olharmos para a frente, e saudarmos nossa jovem e vibrante democracia. Quem me acompanha neste espaço sabe que procuro não abordar política — deixo a tarefa para os analistas que, com mais propriedade, escrevem nestas páginas. Mas hoje, quando o tema transborda dos partidos para a sociedade, quando avança para além da alçada dos políticos e toma conta dos cidadãos, é inevitável abordá-lo de alguma maneira. Finalmente, estamos chegando ao desfecho de uma ópera que deixou todo o país com a emoção à flor da pele. Minha expectativa é que, ao cair o pano, possamos seguir em frente enquanto nação. Não há divergência que justifique a desunião de tantas famílias, o afastamento mútuo de amigos queridos e a hostilidade crescente entre vizinhos até então afáveis. Chega de evitar conversas à mesa dos restaurantes sobre nossas receitas preferidas para o Brasil dar certo nos próximos anos.

Continua após a publicidade

Acredito que a urna é o lugar por excelência onde a democracia é exercida. Ao caminharmos para ela, abrimos nosso coração para a esperança entrar. E essa é uma tradição que, independentemente do que estiver em disputa, deve ser preservada. Ao vencedor desta eleição, seja ele quem for, eu pediria que contribuísse para dar alimento, oportunidade, saúde e renda a quem mais precisa. E que ele tenha melhor sorte que o príncipe de Prokofiev. Esse é o meu desejo.

Publicado em VEJA de 2 de novembro de 2022, edição nº 2813

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.