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Independência… ou sorte

Um grito aos velhos hábitos

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 out 2022, 10h36 - Publicado em 2 set 2022, 06h00

A proximidade do 7 de Setembro me levou a refletir sobre a dificuldade de rompermos com o que está estabelecido. Guardadas as devidas proporções, o que vale para um país vale para uma pessoa. Old Habits Die Hard, diz o título de uma conhecida canção. Embora o contexto da composição seja amoroso, a observação se aplica à vida em geral. Sim, é duro nos livrarmos de velhos hábitos. Que o diga quem já tentou parar de fumar ou abandonar o sedentarismo ou eliminar o consumo de embutidos ou reduzir a ingestão de açúcar ou… Bem, acho que não preciso dar mais exemplos, você sabe do que estou falando.

Acabar com hábitos reprováveis requer mais do que mera ponderação. Não basta identificar o erro. Temos de nos comprometer a não compactuar com ele. A mudança efetiva e consequente exige determinação. Um gesto marcante pode ajudar. Pense em dom Pedro I. O rompimento com a tradição de obedecer à corte portuguesa teria a mesma repercussão na sociedade não fosse o teatral grito do Ipiranga? Hoje sabemos que muito da famosa tela de Pedro Américo é fruto da construção de uma narrativa, mas trata-se de um daqueles casos em que a vida imita a arte, pois a cena idealizada projeta não uma realidade factual, mas um desejo nacional que se concretizou.

“Quebrar a rotina não é algo trivial, não depende apenas de discernimento e de raciocínio”

O mesmo se aplica no plano pessoal. Para iniciar uma nova fase com mais chance de êxito, solte um grito de independência em relação aos velhos e maus hábitos, algo que traduza sua vontade de mudar. Mais uma vez recorro à família real. O filho de dom Pedro I, por exemplo, fez isso em relação à dieta. Dom Pedro II abriu mão dos sofisticados pratos da culinária francesa que a corte portuguesa apreciava e declarou predileção total à prosaica canja. Conta-se que nos teatros, onde ia assistir a companhias europeias, não dispensava um bom prato fumegante entre um ato e outro. Popularizou tanto o caldo que muitos pensam que sua origem é portuguesa ou brasileira, quando na verdade é asiática. Veio das imediações de Goa, uma ex-colônia portuguesa, mais precisamente da Costa do Malabar, onde era chamada de kanji. Por aqui só ganhou um ingrediente novo, pois às vezes era preparada com macuco, uma ave brasileira, no lugar da galinha.

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Quebrar a rotina não é algo trivial, não depende apenas de discernimento e da nossa capacidade de raciocínio. Quantas vezes a lógica nos mostra o caminho certo, mas insistimos em nos manter na trilha duvidosa? Fazemos algo hoje simplesmente porque fizemos a mesma coisa ontem, e no dia anterior também. É da natureza do ser humano se apegar a rotinas – daí a relevância de adquirir hábitos saudáveis. Se eles forem longevos, que sejam positivos, que nos tragam benefícios. Se quisermos ter a perspectiva de uma vida saudável, não podemos depender da sorte de contar com um organismo resistente a hábitos indesejáveis. O aconselhável é se prevenir, agir de acordo com o que julgamos certo, embora isso às vezes não seja fácil. Apostar na sorte não é atitude sábia. Temos de nos libertar das correntes que nos prendem a um passado que deve ficar para trás, se tivermos no horizonte a conquista da nossa liberdade pessoal.
Independência… ou sorte.

Publicado em VEJA de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805

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