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Claudio Moura Castro

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

A nova estética digital

Saber apresentar-se nas telas virou competência social

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 Maio 2020, 06h00 • Atualizado em 4 jun 2024, 14h25
  • Quem não tem vaidades? E quanto mais celebrados, mais vaidosos — embora alguns disfarcem melhor. O cabelo e a maquiagem das mulheres recebem atenções permanentes. Repetir a mesma roupa? Os homens, à menor oportunidade, acertam o nó da gravata e dão uma olhadinha no cabelo. E têm outras vaidades. Montblanc? Rolex?

    Com a pandemia furiosa de Covid-19, agora somos todos atores de televisão, qualquer que seja o evento. Só que não aprendemos a converter nossas vaidades para a realidade da telinha. Vale lembrar, quando Kennedy disputou as eleições com Nixon, antes de ele entrar em qualquer recinto onde houvesse câmaras de televisão, seus prepostos asseguravam que a iluminação estivesse correta. E entrava maquiado. Nixon não se deu conta dessa liturgia e suas olheiras eram exageradas por uma iluminação errada. Parece que essa condição contribuiu para sua derrota.

    Pelo abrupto das novidades, as centenas de lives, entrevistas, Zooms e transmissões pelo YouTube são feitas ao arrepio das artes cinematográficas. A maquiagem pode estar impecável. Mas e se a iluminação está horrenda? Carecas brilhando, olhos desaparecidos na escuridão? Podemos ler as lombadas dos livros atrás, mas a cara está fora de foco. Muito longe da câmera, perde-se a expressão facial. Perto demais, expõe o narigão. Luz fluorescente tinge a cara de roxo. Contraluz exces­siva faz a imagem enevoada.

    Todo bom fotógrafo sabe que lente não gosta de roupa estampada. Ao vivo, o cérebro abstrai. Mas, na imagem, confunde o olhar. Experimentos com eye tracker (um aparelho que segue a pupila de quem o usa) mostram que o espectador não olha para onde queremos. Involuntariamente, é atraído por luzes, cores e movimento. O que os olhos veem na tela é diferente da cena ao vivo, ainda que seja a mesmíssima.

    “Temos de aprender tudo de novo. A epidemia obriga a introduzir outras habilidades na etiqueta”

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    Sendo assim, o fundo da imagem é o epicentro dos horrores. Ambientes visualmente congestionados ofendem os olhos. E há de tudo. Quadros medonhos, cornucópias de bibelôs, almofadas cafonas, roupas esparramadas e até namoradas circulando peladas. Aliás, os outros participantes devem se abster de enfiar o dedo no nariz.

    Circulou um vídeo português no qual aparece um jovem executivo pontificando a seus asso­ciados. Subitamente, a mãe velha e ranzinza começa a espinafrá-­lo, pois deixou de arrumar não sei o quê.

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    Após o trabalhão de aprender a se maquiar, vestir e apresentar, subitamente, isso é apenas a metade. Falta o contrarregra do estúdio cuidando de cada detalhe visual. Na TV, antes da era forçada das lives, nenhum programa ia ao ar com alguém praguejando contra panes na técnica. A eletrônica, sabemos, tanto valoriza a voz maviosa como exagera o timbre esganiçado. Por isso foi sempre preciso gravar antes, com zelo e atenção.

    Hoje, não mais. Temos de aprender tudo de novo. Esboroa a elegância dos modos e da roupa, diante da presença de dezenas de tropeços visuais. A epidemia obriga a introduzir outras habilidades na etiqueta e na elegância. Saber apresentar-se na tela de videoconferência passou a fazer parte do nosso repertório de competências sociais.

    Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

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