Crítico declarado da Operação Lava-Jato, o decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, enxerga no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro uma “contribuição” importante para o Brasil: ter tirado Sergio Moro da Vara Federal de Curitiba. Sem economizar na acidez dos comentários sobre o ex-juiz, Gilmar Mendes avalia que este foi o marco fundamental para que Moro fosse devidamente devolvido “para o nada”.
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Em entrevista concedida a esta colunista na abertura da terceira temporada do Amarelas On Air, Gilmar Mendes relembra um diálogo que teve com o agora ex-ministro da Economia Paulo Guedes, ainda em 2018. Segundo ele, Guedes se vangloriava da escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça, defendendo que era preciso um nome de “Law and Order”, inglês para Lei e Ordem.
Mendes, ironizando o uso frequente de expressões em língua inglesa por Guedes, engatou: “Eu disse – ministro, ‘stop’. Pare. Deixa eu lhe falar. Muita gente, amiga minha, no Congresso, diz que o senhor, os senhores, o governo têm problemas hoje. Ninguém sabe se os senhores vão sobreviver ou não, se o governo dos senhores vai avante ou não. Coloque isso na sua biografia. Ter tirado Moro de Curitiba talvez tenha sido sua maior contribuição para o Brasil”, disse o ministro do STF.
“Posteriormente, um dia escutei do próprio Bolsonaro: ‘Ministro, a gente demorou muito para aprender a governar, etc. Por exemplo, se já tivesse passado um ano, eu não teria trazido Sergio Moro para o governo”. “Eu disse, não! Foi uma boa contribuição, uma boa contribuição do governo, talvez uma das suas grandes obras tê-lo trazido para o governo e depois tê-lo devolvido para o nada”, emendou Gilmar Mendes. “A mim, me parece que ele é um sujeito inadequado, já como juiz.”
Gilmar Mendes toma por base o exemplo de Sergio Moro para criticar o sistema jurídico brasileiro. Mas afirma que o ex-juiz produziu “filhotes”, como Deltan Dallagnol, Marcello Miller, Marcelo Bretas e Selma Arruda. para o ministro, esses são apenas alguns exemplos de que é preciso rever o modelo de seleção e de supervisão desses profissionais. Para ele, é necessária uma discussão aprofundada sobre quarentena e inelegibilidade desses quadros, por exemplo. “Estamos produzindo umas estrovengas, algumas coisas muito esquisitas.”
Sobre o Amarelas On Air
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air inspirou-se nas tradicionais Páginas Amarelas, que estampam a edição impressa de VEJA. A cada semana, o programa recebe um novo convidado, sempre um nome relevante da cena política e econômica.
O programa é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. O programa estreou em setembro do ano passado e, desde então, recebeu grandes nomes da cena política e econômica do país. A entrevista será transmitida simultaneamente no YouTube, Facebook e Twitter. Também ganhará versões para Instagram e LinkedIn.
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