Prestes a iniciar um giro pelo país nos fins de semana, na esperança de reacender a base de apoio do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, retoma aos poucos o discurso contra a polarização política no Brasil. Alçado à presidência nacional do PSDB e cotado para disputar o Planalto em 2026, Leite adota um tom crítico em relação à largada do governo Lula. Segundo ele, o clima, até o momento, é de “frustração”.
“Acho que o governo ainda não engrenou. Estamos vendo reativarem velhos programas, mas sem nenhuma agenda para uma nova circunstância”, afirmou Eduardo Leite, convidado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas de VEJA.
O governador gaúcho ponderou que é preciso “dar um tempo” para que o novo governo possa se apresentar. “Mas, até aqui, nos frustra um pouco, justamente, que pudesse ter um campo econômico com um pouco mais de modernidade, de aprendizado com o passado”, emendou. Leite diz que o atual governo está “cometendo alguns equívocos”. Do ponto de vista das políticas públicas, “a agenda está um tanto velha”, acrescenta.
Leite faz críticas, por exemplo, ao novo arcabouço fiscal, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados. A proposta representa um avanço, na visão do governador. Mas falta consistência no que diz respeito à contenção das despesas públicas. “A fórmula do arcabouço acaba sendo muito esperançosa no lado das receitas para poder sustentar as despesas”, afirma. “E isso pode significar, em alguma medida, pressão de aumento por carga tributária.”
Crítico também de Jair Bolsonaro, Eduardo Leite diz considerar “graves” as suspeitas contra o ex-presidente. Segundo ele, as investigações jogaram por terra o discurso de quem defendia Bolsonaro em nome do combate à corrupção.
Ao relembrar a disputa com João Doria, que contribuiu para tirar o PSDB da corrida presidencial, Leite nega qualquer ressentimento. Segundo ele, o PSDB ainda reúne todas as condições de construir uma alternativa ao centro para as eleições presidenciais de 2026.
Embora não se apresente abertamente como pré-candidato, ele aponta que a pretensão seria legítima, dada a sua experiência como prefeito e governador. Mas lembra nomes como Mário Covas e José Serra, que tentaram e nunca chegaram ao Palácio do Planalto. “No caso da política, é preciso entender que as circunstâncias podem demandar um outro tipo de candidatura. Muitos políticos se prepararam a vida inteira para ser presidente e não conseguiram.”
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air chega à sua terceira temporada. Inspirado nas tradicionais Páginas Amarelas da edição impressa de VEJA, o programa recebe a cada semana um convidado, sempre um nome relevante da cena política e econômica.
O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. A entrevista será transmitida no YouTube, com trechos veiculados também no Facebook, Twitter, Instagram, LinkedIn e TikTok.
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