Agora que se resolveu a eleição para a presidência da Câmara e do Senado, é bom o ex-presidente Jair Bolsonaro se preparar para uma debandada na sua base. Ao menos, essa é a avaliação de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A largada desse movimento veio com pompa: a denúncia do senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre a armação golpista da qual o ex-presidente teria tomado parte, revelada por mensagens obtidas pelo repórter Leonardo Caldas, na capa de VEJA desta semana.
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A gravidade da denúncia e a menção expressa a Bolsonaro nessa articulação saltam aos olhos. Mas este não deixa de ser um exemplo explosivo de uma tendência que vem ganhando corpo desde a eleição. Muitos dos que estiveram ao lado de Bolsonaro até agora já enxergam pouco potencial no ex-presidente.
O time de Lula contava com isso. Aguardava apenas a recondução de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidentes da Câmara e do Senado, sacramentada na eleição de ontem, para dar um impulso a esse movimento: destravar nomeações no segundo e terceiro escalões, até então represadas por ordem do próprio presidente.
É o Centrão sendo Centrão. E Lula dá sinais de que entrará no jogo mais uma vez. A tese é que há terreno para amarrar de vez legendas como o União Brasil. A tropa lulista também espera atrair uma parcela significativa do PP de Arthur Lira. Só para citar alguns exemplos. Nos corredores, o discurso vira-casaca se faz cada vez mais frequente. Ontem, em conversa com a coluna, um importante líder do PP deu a linha: “Aqui, temos que ter nosso próprio jogo”.