Moradores de San Francisco votam hoje pela restrição ao Airbnb, acusado de elevar preços dos aluguéis
Site para locação de curta temporada é alvo de protestos e se defende ao afirmar que oferece renda extra a quem precisa pagar por moradia própria

Moradores de San Francisco vão às urnas hoje para decidir, entre outras coisas, se o site Airbnb deve sofrer restrições para continuar operando na cidade. Onze temas serão submetidos aos eleitores, entre eles a Proposta F, que proíbe o aluguel de curta temporada, justamente o negócio do Airbnb.
Ativistas argumentam que, na prática, o site converte habitações em quartos de hotel, impulsionando ainda mais o valor dos já altíssimos aluguéis da região. Em média, uma locação em San Francisco sai por 3.100 dólares mensais, o que faz da cidade a mais cara do país (ultrapassou Nova York no ano passado). Um imóvel à venda custa em média 1,1 milhão de dólares, 60% mais do que há cinco anos, segundo o site imobiliário Zillow.
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Assim como dezenas de outras empresas de tecnologia, o Airbnb nasceu eu San Francisco, terra do Pinterest, do Uber e tantas outras. O nome significa “bed and breakfast virtual” e seu intuito é permitir aos proprietários alugar cômodos de seus imóveis para curta temporada. Inquilinos e anfitriões criam perfis online e são avaliados publicamente.
Para anunciar, é preciso colocar várias (e boas) fotos do imóvel, além de informações precisas — ausência ou erro nesses itens interferem negativamente na avaliação. O site cresceu tanto que passou a abrigar anúncios de apartamentos inteiros, provocando a ira das imobiliárias. Agora, o coro é engrossado pelos ativistas, que ontem invadiram a sede da empresa para protestar.
Dezenas de pessoas, entre ativistas e sem-teto, levaram cartazes e gritaram palavras de ordem defendendo a Proposta F, de limitar a atuação do Airbnb. Segundo dados da prefeitura, se os custos de vida seguirem nesse ritmo, daqui a dez anos a população latina terá deixado de representar metade do total para representar um terço. Os segmentos mais pobres serão simplesmente expulsos por não terem condições de pagar o necessário para viver ali. Segundo os ativistas, há pelo menos 3.000 crianças sem-teto vivendo nas ruas.
Executivos da empresa contra-argumentam que o site oferece uma fonte de renda extra àqueles que alugam seus cômodos ou imóveis. E que essa renda permite aos usuários arcar com despesas de moradia que, de outra forma, talvez não conseguissem manter.
Para apimentar a briga, está o sucesso do Airbnb. A empresa é avaliada em 25 bilhões de dólares, mais do que a rede hoteleira Mariott. Aos poucos, San Francisco deixa de ser a cidade modelo dos Estados Unidos para se tornar um receituário de tudo o que deve ser evitado por cidades que crescem impulsionadas pela inovação e pela tecnologia.
ATUALIZAÇÃO: a votação em San Francisco foi encerrada e a Proposta F perdeu por 55% a 45%. Ou seja, o Airbnb venceu e continuará tocando seu negócio como está. Analistas, porém, alertam que o debate não acabou. A empresa terá de lidar com arranhões em sua imagem e ainda não se livrou do risco de, em breve, voltar a ser alvo de plebiscito.
Por Mariana Barros
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