Fui convidado pela Tree Intelligence para contribuir na elaboração de seu primeiro relatório sobre o mercado brasileiro da cannabis medicinal. O documento completo (acesse aqui) traz diversas informações sobre o potencial do segmento no país e aborda os desafios enfrentados por médicos, empresas e pacientes.
Com potencial estimado em 4,3 bilhões de reais, o mercado se tornou objeto de interesse de investidores, empresários e, claro, profissionais da saúde. Para entender melhor as relações entre esses agentes, principalmente os que prescrevem os medicamentos à base da planta, a consultoria Tree Intelligence, por meio de sua plataforma proprietária LivingReports, mapeou mais de 800 stakeholders e sua presença digital e, por meio de análise de dados e ciência de redes, identificou quem são os atores mais influentes no debate sobre o uso de cannabis medicinal no Brasil. No centro da rede destacam-se cerca de 50 nós, que incluem médicos, clínicas, universidades e centros de estudo e pesquisa. A lista traz nomes conhecidos do grande público, como Drauzio Varella, Lair Ribeiro e Mohamad Ali Barakat, mas que se relacionam apenas colateralmente ao tema. No mapeamento, a Tree descobriu que há uma comunidade coesa e altamente conectada quando o assunto é cannabis medicinal. Com conexões entre si e com outros atores do segmento, como associações de pacientes, ativistas sociais e empresas, são esses médicos que ajudam a ampliar o debate sobre o uso medicinal da erva no Brasil, discutindo abordagens terapêuticas, linhas de pesquisa, indicações clínicas e campos de atuação.
Esses profissionais são jovens, com registros recentes nos Conselhos Regionais de Medicina (46,6% a partir de 2001), trabalham principalmente na Região Sudeste e atuam predominantemente nas áreas de Neurologia, Neurocirurgia e Neurociências. Com maior presença e atividade digital, quando comparados à comunidade médica em geral, as mídias sociais mais utilizadas por eles são o Instagram (46,6%) e o Facebook (46,4%). Os homens são a maioria (50,8%), mas as mulheres (43%) são mais influentes, isto é, alcançam mais pessoas e possuem maior potencial de repercussão no ambiente digital (6,1% são perfis de pessoas jurídicas). Nesse grupo de “influenciadoras canábicas”, a Tree identificou, entre outras, as médicas Paula Dall’Stella, Carolina Nocetti, Ana Gabriela Baptista e Ana Gabriela Hounie.
O estudo completo da Tree Intelligence foi lançado na semana passada e pode ser acessado por meio de um dashboard online interativo e atualizado chamado LivingReport. O objetivo é fornecer subsídios para a tomada de decisão estratégica para os agentes que desejam se comunicar com esses públicos, tais como indústrias farmacêuticas, empresas importadoras de medicamentos com cannabis, investidores, pesquisadores, clínicas e centros médicos.