O mercado de medicamentos à base de cannabis para pets poderia movimentar R$ 1,45 bilhão em um cenário de alta adesão se houver a regulamentação adequada. É o que aponta um novo relatório da Kaya Mind, consultoria especializada no setor.
Para chegar a esse número, a empresa analisou, no primeiro momento, a atuação de 123 empresas estrangeiras que atuam no setor. Em seguida, estudou quatro marketplaces que ofereciam produtos à base da erva no mercado brasileiro, e cruzou com o número de animais que poderiam ser beneficiados – 555.252 animais, entre gatos e cachorros.
O valor de RS 1,45 bilhão contempla um cenário de alta adesão a esse tipo de medicamentos, até o quarto ano de regulamentação. Em um cenário de média adesão, a arrecadação ficaria em torno de R$ 967 milhões, ou R$ 482 milhões com baixa adesão.
O potencial existe. O Brasil tem a terceira maior indústria de alimentos para pets, que faturou R$ 46,51 bilhões somente no primeiro trimestre 2021, com o setor de medicamentos e outros itens veterinários em terceiro lugar na geração de receita. Possui ainda a terceira maior população de animais domésticos do planeta.
O grande problema é a falta de regulamentação específica para o mercado pet. Hoje, o Brasil autoriza apenas o uso medicinal da planta a partir de prescrições feitas por médicos habilitados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ou dentistas, e para obter os produtos é preciso importá-los ou ter acesso às associações. Teoricamente, veterinários não podem prescrever esse tipo de medicamento, mas existem inconsistências na legislação que permitem ao profissional receitar qualquer tratamento que julgue adequado.
Para uma mudança no cenário, o relatório aponta a necessidade do avanço da regulamentação do PL 399/2015, em que está apensado o PL 369, que visa a autorização do uso veterinário de derivados da Cannabis sativa.