Produtos à base de cannabis saborizados e vendidos em embalagens coloridas e chamativas estão causando polêmica nos Estados Unidos. Médicos e outros epidemiologistas e especialistas em controle de tabagismo afirmam que o design e os sabores estão atraindo crianças.
Devemos aprender com o mercado da nicotina. Eu defendo que deveríamos ter uma preocupação semelhante com os produtos de cannabis em termos de apelo aos jovens”, afirma Katherine Keyes, professora de epidemiologia da Universidade de Columbia, em entrevista à Associated Press. “Se você passar por um dispensário de cannabis agora é quase absurdo como muitas embalagens e produtos são orientados para os jovens”, diz ela.
Em alguns estados, como em Nova York, que liberou recentemente a venda de produtos para uso recreativo, existem leis que proíbem embalagens e propagandas que possam atrair menores, mas faltam padrões claros para definir esse apelo e como as embalagens devem ser mais “sóbrias”.
De fato, há motivo para preocupação. Um estudo publicado no início de janeiro apontou que a ingestão de balinhas de Cannabis por crianças disparou nos Estados Unidos, saltando de 207 atendimentos em 2017 para 3.054 ocorrências em 2021, um aumento de 97%. Os produtos “comestíveis” são confundidos com balinhas de goma inofensivas. O problema é que eles podem causar efeitos colaterais sérios em menores, como vômito, alucinações, confusão mental e aumento da frequência cardíaca.
Mas nem sempre banir ou restringir a publicidade é suficiente para reduzir o impacto. A indústria do tabaco fornece alguns exemplos. Embora alguns estados americanos proíbam a venda de cigarros saborizados e mentolados, isso não necessariamente reduziu o consumo. Muitos adolescentes e menores estão migrando para os vapes. Ou seja, é preciso pensar em estratégias eficazes para proteger as crianças sem recorrer à histeria.