Seis fatos impressionantes sobre a dívida pública
Ainda não somos uma Grécia, mas estamos fazendo o possível para chegar lá
1. O tamanho do problema. O governo deve um belo trocado – cerca de R$ 2,6 trilhões. É como se cada brasileiro nascesse devendo R$ 13 mil.
2. O custo da dívida é quatro vezes maior que o do Ministério da Educação. Entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015, a dívida custou, só de juros, R$ 343 bilhões; o Ministério da Educação recebeu R$ 79,7 bilhões.
3. O Brasil não paga, só rola a dívida. Apesar desses números assombrosos, o governo gasta bem menos com a dívida, pois faz novos empréstimos para pagar os títulos que estão vencendo. Ou seja: paga a fatura do Visa emprestando do Mastercard. Não é uma atitude exatamente sustentável.
4. Um aumento de 0,5% da Selic custa pelo menos R$ 30 bilhões. De acordo com o economista Yoshiaki Nakano, toda vez que o Copom resolve aumentar a taxa de juros em 0,5%, a dívida pública fica R$ 30 bilhões mais cara. Todo esse custo leva políticos descuidados a defender um corte drástico da Selic. O governo tem todo o poder de fazer isso – difícil é convencer os investidores a emprestar a um mau pagador com juros baixos.
5. O BNDES nos levou ao ajuste fiscal. Em 2014, o governo aumentou a dívida brasileira em R$ 60 bilhões. Um terço desse dinheiro foi destinado a empréstimos do BNDES. Até 2018, o subsídio aos empréstimos do banco vai custar pelo menos R$ 79 bilhões. Sem o BNDES, o ajuste fiscal de 2015 poderia ser bem mais leve e talvez nem fosse necessário.
6. O Brasil já deu nove calotes em sua história. No livro Desta Vez é Diferente – oito séculos de loucura financeira, os economistas Carmen M. Reinhart e Kenneth S. Rogoff contaram nove ocasiões em que o Brasil deixou credores internacionais na mão. O primeiro calote foi em 1828; o último, em 1990. Será que desta vez vai ser diferente?
@lnarloch