Muitos colunistas têm repetido que a redução da velocidade nas marginais de São Paulo segue uma tendência já vista em outras metrópoles. Meu colega Roberto Pompeu de Toledo, na VEJA desta semana, afirma que se o prefeito eleito João Doria cumprir a promessa de campanha e elevar os limites das marginais, agirá “na contramão do que hoje é norma nos principais centros urbanos do mundo”. Na Folha de hoje, Leão Serva vai na mesma linha.
Essa afirmação é correta apenas para a velocidade de ruas e avenidas internas. Mas é um mito em se tratando das rápidas perimetrais, onde a norma são limites mais altos que os de São Paulo.
Na Henry Hudson Parkway, que contorna o oeste da ilha de Manhattan, a velocidade máxima é 50 milhas por hora (80 km/h). Esse é o mesmo limite da North Circular Road, de Londres, como eu já contei anteriormente. Essa avenida corta as zonas 2 e 3 de Londres e em muitos trechos é mais próxima a casas e comércios que a marginal Tietê ou Pinheiros.
Nas “freeways” de Los Angeles, nem se fala: o limite de velocidade é 65 milhas por hora (104 km/h).
Em Paris, o Boulevard Périphérique define o centro expandido da cidade, assim como as marginais paulistanas. Os motoristas podem dirigir por ali a 70 km/h. Em São Paulo, os limites impostos pelo prefeito Fernando Haddad vão de 70 km/h na pista expressa a 50 km/h na pista local.
Vejam: não estou falando de anéis viários, rodovias que contornam as cidades. Esses três exemplos são perimetrais, construídas com o mesmo objetivo de interligar a cidade por meio de avenidas que contornam o centro.
O argumento da “tendência mundial” vale a redução da velocidade em ruas e avenidas, não para rápidas perimetrais. Limites de velocidade tão baixos nas marginais de São Paulo são uma anomalia se comparados a outras metrópoles pelo mundo.
@lnarloch