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Caçador de Mitos

Por Leandro Narloch Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Em defesa do drible-deboche de Neymar

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 01h14 - Publicado em 2 jun 2015, 13h51

neymar

 

Quando o assunto é futebol, eu sou a grã-fina de narinas de cadáver do Nelson Rodrigues. Assisto o jogo perguntando “mas o que é a bola?” ou “que jogador é esse chamado Semp Toshiba?”. Gasto muito tempo tentando entender por que meus vizinhos gritam impropérios pela janela principalmente aos domingos e noites de quarta-feira.

Mas ontem almocei assistindo Globo Esporte, e me espantei ao saber que agora existe uma patrulha do drible. Um grupo de carolas está criticando Neymar por ele aplicar nos adversários carretilhas e lambretas (vamos fingir que eu sei o que é isso) só por vaidade e exibicionismo, quando o seu time já tem a vitória garantida.

Parece que boa parte dos jogadores concorda que autores de dribles-deboche devem levar um esbregue. Até mesmo o técnico do Barcelona reclamou da carretilha que Neymar deu sobre o zagueiro do Athletic Bilbao no final da Copa Rei da Espanha, no sábado. “Este tipo de coisa na Espanha está muito mal vista”, disse o técnico de Neymar. “Se eu fosse jogador do Athletic, responderia igual ou pior.”

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O colega Sérgio Xavier Filho, da Placar, aqui da Abril, escreveu no Twitter sobre a moralidade do drible e as regras para um lance politicamente correto. “Carretilha serve como recurso no meio do jogo. Pode até cavar cartão. No fim, é uma espécie de ‘covardia técnica’. ”

Ora, parem de tratar os jogadores de futebol como garotos frágeis e mimados. Eles ganham bem o suficiente para suportar uma humilhação de vez em quando. O rapaz mal sabe escrever, ganha seis dígitos por mês e agora vai ficar de mimimi porque foi vítima de drible humilhante? Quem quer moleza, diria o Felipão, que vá trabalhar no Banco do Brasil.

E tem o lado das arquibancadas. O torcedor já precisa aturar um esporte que é uma tremenda chatice, dura quase duas horas e pode acabar sem gols. Tudo o que ele quer é ver o time adversário atordoado e humilhado. Essa é a melhor parte do futebol – a humilhação insuportável, a sequência interminável de olés, a goleada. Alguém viu por aí algum torcedor alemão reclamando que foi demais o 7×1 em cima do Brasil, que por respeito ao anfitrião os jogadores deveriam ter parado no quarto gol?

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Fossem hoje, as entortadas de Romário ganhariam críticas da patrulha do drible. Garrincha levaria uma bronca do técnico por ter ridicularizado os búlgaros.

Quando passar pela Espanha, vou tentar assistir um jogo do Barcelona. Depois de descobrir o que é a bola e qual jogador é o brasileiro, vou gritar com toda a força:

– Debocha mais, Neymar!

@lnarloch

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