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A renovação da técnica centenária

A inteligência artificial está aumentando a precisão e a consistência dos exames, permitindo realizar diagnósticos mais precoces de demência

Por Tiago Cordeiro
26 out 2024, 08h00
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  • Há mais de 100 anos, em julho de 1924, o psiquiatra e neurologista alemão Hans Berger realizou pela primeira vez um exame inovador para a época. Com base na descoberta de que o cérebro gera ondas elétricas, ele aplicou eletrodos ao crânio de um adolescente de 17 anos que se recuperava de uma cirurgia cerebral. Os resultados foram publicados apenas cinco anos depois, com base em outras centenas de testes, incluindo alguns realizados em seus próprios filhos. A invenção do cientista alemão revolucionou a medicina.

    O elektrenkephalogramm, ou eletroencefalograma (EEG), como Berger batizou a técnica, se mostrou capaz de gerar informações importantes para apoiar o diagnóstico de uma série de problemas graves, como epilepsia, convulsões, encefalites, edemas, hemorragias e até mesmo tumores cerebrais ou danos provocados por lesões.

    A técnica tem muitas vantagens. Em comparação com outras opções que surgiram posteriormente, como a ressonância magnética (MRI), desenvolvida a partir dos anos 1940, ou a tomografia por emissão de pósitrons (PET), criada na década de 1990, o EEG não é um exame invasivo nem muito caro. Mas apresenta algumas limitações importantes, que, na prática, reduzem sua utilização. Por exemplo, os sinais de EEG podem ser ruidosos e difíceis de interpretar e são excessivamente dependentes da análise dos médicos.

    Esse cenário está mudando com a introdução da inteligência artificial (IA). A aplicação de algo­ritmos de IA tem melhorado significativamente a análise de dados do EEG, especialmente no diagnóstico precoce de sinais de demência.

    Padrões sutis

    O EEG apresenta uma vantagem significativa na detecção de interrupções funcionais no cérebro, pois é capaz de identificar alterações nas ondas elétricas que podem ocorrer antes mesmo de serem observadas mudanças nas proteínas sanguíneas ou alterações estruturais em exames de imagem. “Ele pode detectar e quantificar objetivamente padrões anormais de ondas cerebrais associados ao declínio cognitivo”, afirma David T. Jones, neurologista da Mayo Clinic em Rochester, no estado americano de Minnesota.

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    Jones é autor-sênior de uma pesquisa, publicada em julho de 2024, que atesta os benefícios da aliança entre a IA e a técnica centenária. O trabalho incluiu dados de mais de 11 000 pacientes e demandou quatro anos de dedicação de uma equipe multidisciplinar de neurologistas, cientistas de dados, engenheiros de software e especialistas em IA.

    “Utilizando algoritmos de aprendizado de máquina, a IA pode analisar grandes volumes de dados de EEG para identificar padrões sutis que podem não ser óbvios ao olho humano. Assim, a precisão e a consistência da detecção inicial aumentam, tornando-se uma ferramenta poderosa para identificar mudanças relacionadas à demência na função cerebral de maneira mais precoce”, diz Jones.

    A redescoberta do EEG, impulsionada pela inteligência artificial, está abrindo um leque de possibilidades para a neurociência. A integração do EEG aprimorado por IA com outras ferramentas de diagnóstico, como avaliações cognitivas e biomarcadores líquidos, permitirá uma avaliação mais completa da saúde cerebral. Essa abordagem multidisciplinar, de acordo com Jones, tem o potencial de transformar a detecção e o tratamento de doenças neurodegenerativas, abrindo caminho para um futuro em que será possível monitorar a saúde mental de forma contínua e personalizada.

    Publicado em VEJA, outubro de 2024, edição VEJA Negócios nº 7

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