Deonísio da Silva
Ele, de 58 anos, presidente da República e marechal do Exército, e ela, de 27 anos, jovem, bonita e caricaturista, casaram-se ali.
Uma das primeiras sessões de cinema, inventado há apenas dois anos na França, deu-se ali.
A cidade era capital do País em todos os verões e o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial por declaração assinada ali.
Ali estava o presidente da República para proibir a necropsia quando um dos maiores escritores europeus e sua mulher suicidaram-se e foram enterrados ali. E ali foi explicitada a um rabino a proibição presidencial de que os ritos finais da morte não fossem feitos no cemitério dos judeus no Rio.
Em Petrópolis, a 68 km do Rio, já foram tomadas grandes decisões, mas nem as eleições presidenciais serão mais importantes do que o inusitado plebiscito de 7 de outubro de 2018.
Que decidirá ou terá decidido o povo, na consulta popular agregada à votação que escolherá o próximo presidente da República?
O povo será consultado sobre o que fazer com outro ex-presidente da República, eleito e reeleito, que está na cadeia em Curitiba?
Ou o povo precisará decidir se deve ser condenada ou absolvida também a sucessora dele, deposta em rumoroso processo de impeachment há apenas dois anos? Quem sabe o povo será convocado a dizer o que se fará com o atual presidente da República, que era o vice da sucessora?
Não. Neste domingo, dia 7 de outubro, na mesma Petrópolis destes graves eventos, seus 243.659 eleitores responderão em plebiscito se 39 cavalos, que trabalham em sistema de rodízio puxando 13 charretes, continuarão a transportar os turistas que visitam a aprazível cidade serrana.
*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra