O manual do cinismo inclui uma recomendação bastante útil aos generais de cordão carnavalesco: Quando a derrota é iminente, o melhor a fazer é proclamar-se vitorioso e bater em retirada. Foi o que fez nesta segunda-feira, por exemplo, Guilherme Boulos, comandante da invasão do triplex do Guarujá.
A batalha na praia virou piada no momento em que Boulos, assustado com o ultimato da polícia, deu o fora do prédio. Descambou para o terreno da galhofa quando o guerreiro sem teto enxergou na capitulação a prova definitiva de que o triplex não é de Lula. Caso fosse o dono, explicou, o corrupto engaiolado em Curitiba teria pedido a reintegração de posse do imóvel.
Se é assim, o chefão do MST, João Pedro Stedile, está obrigado a repetir no campo a fórmula inaugurada na praia. Lula vai fazer de conta que o sítio em Atibaia não lhe pertence. Fernando Bittar, o proprietário oficial que nunca deu as caras por lá, continuará distante da zona de perigo.
Como o punhado de alqueires vai parecer terra de ninguém, a reforma agrária sonhada por Stedile pode começar por Atibaia. Antes disso, contudo, os camponeses de araque precisam aprender pelo menos os nomes dos instrumentos de trabalho. Por enquanto, só sabem o que são foices e martelos.
São aquelas coisas desenhadas nas bandeiras que os condutores do rebanho hasteiam em dia de comício.