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Augusto Nunes

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Se pedir socorro aos vizinhos trapalhões, Lugo pode acabar na embaixada brasileira como gerente da Pensão da Dilma

PUBLICADO EM 23 DE JUNHO Afastado da presidência do Paraguai pelo Congresso, Fernando Lugo prometeu recorrer à Justiça para recuperar o cargo. Os deputados e senadores entenderam que o chefe do Executivo fez o suficiente para perder o emprego. Lugo acha que não. Se for acionado, o Judiciário decidirá a pendência. Por enquanto, foram respeitadas […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 07h08 - Publicado em 1 jan 2013, 08h00
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    PUBLICADO EM 23 DE JUNHO

    lugo-zelaya

    Fernando Lugo (à esquerda) e Manuel Zelaya

    Afastado da presidência do Paraguai pelo Congresso, Fernando Lugo prometeu recorrer à Justiça para recuperar o cargo. Os deputados e senadores entenderam que o chefe do Executivo fez o suficiente para perder o emprego. Lugo acha que não. Se for acionado, o Judiciário decidirá a pendência. Por enquanto, foram respeitadas as regras constitucionais. Melhor assim.

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    Pelo menos até agora, a vítima do impeachment resistiu à tentação de pedir a ajuda dos vizinhos. O venezuelano Hugo Chávez está permanentemente à disposição dos companheiros aflitos. E Dilma Rousseff, como revelou o blog de Lauro Jardim, ordenou ao chanceler Antonio Patriota que falasse grosso com os responsáveis pela demissão do parceiro paraguaio.

    Se tiver juízo, Lugo se limitará a brigar na Justiça. Em 2009, o mundo inteiro viu o que acontece quando a turma do Lula e o bando do Chávez resolvem socorrer em parceria um parceiro em apuros. O plano concebido pelos trapalhões beligerantes deveria devolver à presidência de Honduras o neobolivariano Manuel Zelaya, destituído pelo Poder Legislativo com o endosso da Suprema Corte. Deu no que deu.

    Zelaya voltou clandestinamente a Tegucigalpa, hospedou-se na embaixada brasileira, transformou o prédio na primeira Pensão do Lula e ficou à espera das tropas prometidas por Chávez. Só deixou o estabelecimento depois de 125 dias. Em vez da faixa presidencial no peito, levava na cabeça o chapelão  que simulava uma coroa de destronado. Se seguir o exemplo do colega hondurenho, Lugo pode acabar na gerência da Pensão da Dilma.

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    Os executores da política externa lulopetista jamais abriram o bico, por exemplo, sobre as abjeções colecionadas pela ditadura cubana, nem sobre os chiliques autoritários da viúva argentina que herdou a Casa Rosada, muito menos sobre o desmoronamento da democracia venezuelana. “O Brasil respeita a soberania nacional”, recitava Celso Amorim e recita agora Antonio Patriota para justificar a diplomacia da cafajestagem. O mantra perde a validade quando algum companheiro perde o poder.

    Como ocorreu em Honduras, o Congresso paraguaio afastou o presidente amparado em normas constitucionais. Fez com Lugo o que faria com Fernando Collor o Legislativo brasileiro se o presidente que desonrou o cargo não tivesse renunciado pouco antes da destituição inevitável. O Planalto tem tanto a ver com a queda de Lugo quanto o governo paraguaio tinha a ver com o afastamento de Collor.

    Como pôde acontecer uma coisa dessas em apenas dois dias?, choramingam os órfãos brasileiros do reprodutor de batina. Os paraguaios é que deveriam perguntar-se como pode o Brasil esperar sete anos pelo julgamento dos quadrilheiros do mensalão. Ou instaurar uma CPI que, depois de dois meses de tapeações, vigarices e patifarias, faz o que pode e o que é proibido para garantir a impunidade dos bandidos.

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