Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Se ainda é de Cabral, por que Vaccarezza não visita o parceiro condenado à prisão domiciliar pelas manifestações de rua?

O SMS enviado por Cândido Vaccarezza a Sérgio Cabral, reproduzido acima, foi mais que uma prova de amizade: foi um caso de polícia. Naquele 17 de maio de 2012, durante a sessão no Congresso, o deputado federal do PT prometeu ao parceiro do PMDB que o empreiteiro Fernando Cavendish não seria interpelado na CPI do […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h46 - Publicado em 18 jul 2013, 19h56

O SMS enviado por Cândido Vaccarezza a Sérgio Cabral, reproduzido acima, foi mais que uma prova de amizade: foi um caso de polícia. Naquele 17 de maio de 2012, durante a sessão no Congresso, o deputado federal do PT prometeu ao parceiro do PMDB que o empreiteiro Fernando Cavendish não seria interpelado na CPI do Cachoeira sobre as relações perigosíssimas entre a Delta e o governador do Rio. Consumado no mesmo dia, o cambalacho permitiu a Cabral seguir sonhando com noitadas em Paris. A Turma do Guardanapo escapara de mais uma.

A prova material do crime não se limitou a reiterar que o parlamentar do PT paulista trata a pontapés os valores morais, as normas éticas, os bons costumes e o Código Penal. O recado cafajeste também desmascarou um feroz inimigo da língua portuguesa. O sumiço dos dois pontos entre preocupe e você, somado ao uso simultâneo de tu e você, desnuda um torturador da gramática. E a amputação do s na última palavra do “nós somos teu” avisa que Vaccarezza se juntou ao chefe Lula na guerra de extermínio movida contra o plural.

Não é pouca coisa. E não foi tudo. A mensagem revelou também que o cruzamento do PT com o PMDB atravessava outra zona de turbulência. E reiterou que, para o partido que no século passado vivia reivindicando o monopólio da ética, o casamento consanguíneo deixou de ser obrigatório. Até a descoberta do mensalão, devotos da seita só podiam relacionar-se intimamente com gente do rebanho. Transferida do templo das vestais de araque para o bordel da base alugada, a companheirada foi liberada para cair na farra com qualquer parceiro.

Continua após a publicidade

Antes do escândalo do mensalão, Vaccarezza não escaparia da expulsão sumária por ter cometido dois crimes hediondos: adultério interpartidário e violação do primeiro dos mandamentos instituídos no dia da fundação do partido em 1980 ─ e declamado de meia em meia hora por José Dirceu: “O PT não róba e não deixa robá”. Agora rouba e deixa roubar. Defeito virou virtude. Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Só é feio perder eleição.

Vaccarezza nem ficou ruborizado com a descoberta de que no peito da bandidagem também batia um coração. Com a placidez dos que se consideram condenados à impunidade, acariciou o PMDB com uma imaginosa reinterpretação da mensagem. “Vai azedar, podia azedar… ali foi um momento de irritação meu”, fantasiou. E se negou a discutir a relação com Cabral. “Eu não quero declarar”, espancou a gramática de novo. “Isso é uma correspondência privada. Eu não vou contribuir para mostrar a outra parte da conversa. É uma correspondência privada entre duas pessoas”.

“Bonito, o amor”, resumiria o grande Zózimo Barroso do Amaral na legenda sob a foto da dupla. Os velhos jornais sensacionalistas repetiriam a manchete politicamente incorretíssima: PACTO DE MORTE ENTRE ANORMAIS. Num Brasil que já não se surpreendia com nada, o único castigo imposto a Vaccarezza por editores de jornais e revistas foi a infiltração de um sic depois de teu.

Continua após a publicidade

A brandura da punição animou o deputado a celebrar o assassinato da CPI do Cachoeira com outro afago no melhor amigo do governador fluminense. “Aquela foto foi editada, a dos lenços na cabeça”, mentiu. “Aparece uma mão que ninguém sabe de quem é. Eu sei o que tem nas fotos inteiras, mas não vou falar também”.

Um ano e dois meses depois do derramamento digital, a dupla continua oferecendo provas sucessivas de que delinquentes de nascença não têm cura. Vaccarezza (sempre em companhia de um bando escalado pelo PMDB) faz o que pode para piorar o Brasil na comissão incumbida pelo presidente da Câmara, Henrique Alves, de cuidar da “reforma política”. Nesta semana, por exemplo, gastou a voz explicando que a doação eleitoral sem recibo ajuda a combater a corrupção. Continua o mesmo.

O governador do Rio também. Tanto que resolveu atribuir aos partidos de oposição a contagiosa novidade do inverno carioca: acampar diante do prédio no Leblon onde mora  e passar a maior parte do dia contando em voz alta quem é Sérgio Cabral, o que fez, o que faz e o que fará se a polícia e a Justiça deixarem. Nenhum dos dois mudou. O que mudou foi a paisagem política, dramaticamente subvertida pela revolta da rua.

Condenado à prisão domiciliar por manifestações de protesto reprisadas diariamente, o governador está proibido até de aparecer no Antiquarius, logo ao lado, pendurar no pescoço o babador com o distintivo do Vasco e engordar mais um pouco com outro prato de bacalhau. Se ainda é de Cabral, por que Vaccarezza ainda não apareceu para uma visita, sobraçando uma quentinha do restaurante preferido do encarcerado?

Continua após a publicidade

Talvez por desconfiar que até o bacalhau daria um jeito de ressuscitar para sugerir a Cabral, aos berros, que use como esconderijo o porão de algum palácio e deixe os vizinhos em paz.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.