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Augusto Nunes

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Roberto Pompeu de Toledo: ‘Sinais promissores’

Publicado na edição impressa de VEJA ROBERTO POMPEU DE TOLEDO De onde menos se espera… daí é que não sai nada mesmo. Não; desta vez não vale a máxima do barão de Itararé. De onde menos se espera — a Câmara presidida pelo deputado Eduardo Cunha, tido como oportunista e fisiológico — eis que pode finalmente […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 02h04 - Publicado em 22 fev 2015, 14h52

Publicado na edição impressa de VEJA

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

De onde menos se espera… daí é que não sai nada mesmo. Não; desta vez não vale a máxima do barão de Itararé. De onde menos se espera — a Câmara presidida pelo deputado Eduardo Cunha, tido como oportunista e fisiológico — eis que pode finalmente sair a tão esperada, tão alardeada e tão procrastinada reforma política. Nas primeiras semanas de funcionamento, a Câmara de Eduardo Cunha moveu-se com um vigor, uma independência e um sentido de urgência desconhecidos em anos recentes.

Atirou para vários lados, obteve uma vitória fulminante (a aprovação do chamado “orçamento impositivo”) e não só criou uma comissão para a reforma política como pôs em sua presidência um deputado da oposição (Rodrigo Maia, DEM-RJ) e na relatoria um do hoje rebelde PMDB (o piauiense Marcelo Castro), relegando o PT à condição de “povo” nesse foro. Ficou a sensação de que desta vez vai. Inclusive porque para a questão mais crucial e controvertida — o modo de eleição dos deputados — toma corpo o consenso em torno do sistema apelidado de “distritão”.

No distritão, uma proposta do vice-presidente Michel Temer, elegem-se os candidatos que tiverem mais votos e ponto final. Revoga-se o sistema atual, em que os votos são contados primeiro para o partido, de forma que pode eleger-se um deputado com votação fraca, nas sobras da forte votação de seu partido, assim como não se eleger um candidato com forte votação, se seu partido teve uma votação fraca.

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Dito de outra forma, o sistema converte-se de proporcional em majoritário. A proposta do distritão chega para destravar o impasse, que existe há anos, entre os defensores do chamado “voto distrital”, em que os estados seriam divididos em distritos, cada um elegendo seu deputado, e os do chamado “voto em lista fechada”, em que o eleitor vota no partido, não no candidato.

A reforma política terá resultados tanto melhores quanto se orientar por dois supremos faróis: a inteligibilidade das instituições e a redução dos custos de campanha. O distritão passa no primeiro item e é reprovado no segundo. O sistema atual é ininteligível para o eleitor comum. Somam-se os votos dos partidos, distribuem-se entre os candidatos, em seguida pegam-se as sobras, a elas aplica-se o método de Hondt… Basta. Quando entra em campo o método de Hondt, é porque algo grave ocorreu. Chega-se a ouvir o grito de desespero do eleitor que, diante de um sistema que não compreende, vota no Tiririca.

O distritão passa um trator em tudo isso em nome do singelo princípio de que quem ganhou levou. Já na questão dos custos, ficamos onde estamos, se é que não pioramos. Tanto o voto distrital, por circunscrever a eleição a um espaço menor, quanto o de lista, por concentrar os gastos nos partidos, acenariam com custos menores. O distritão, ao manter a eleição na integralidade do território do estado, mantém também as dificuldades de comunicação e de transporte responsáveis por fenômenos já tão nossos como a orgia de jatinhos nas campanhas. Isso se as coisas ainda não piorarem, com a disputa ombro a ombro característica da disputa majoritária.

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Sorte — sejamos otimistas, por uma vez — que propostas em outros âmbitos da reforma política apontam na direção inversa. Calcula-se que, somadas, as campanhas do ano passado tenham custado 5 bilhões de reais. A cifra prova, de modo insofismável, que o país enlouqueceu. No difícil processo de cura serão necessárias medidas em duas frentes. A primeira, da oferta de recursos, recebeu um primeiro golpe quando o Supremo sinalizou com a proibição das doações por parte de empresas.

Já está claro que a proibição não se concretizará — o Congresso se adiantará, no contexto da reforma política, com suas próprias regras. Mas valeu o sinal do Supremo; encaminha-se agora, se não para a proibição, para restrições às doações. O ex-presidente FHC sugere um teto e a proibição da indecorosa contribuição das empresas a mais de um candidato, se não a todos, nas principais disputas.

A segunda frente é a da redução dos custos. Algumas medidas eram cogitadas na semana passada no gabinete do deputado Rodrigo Maia. Uma era dificultar o acesso das pequenas agremiações ao fundo partidário. Outra, criar regras para o horário eleitoral que restringissem as superproduções dos marqueteiros em favor de programas ao vivo e espaços para entrevistas e debates.

Tudo somado, e le­vando-se em conta que o deputado Eduardo Cunha recusa in limine o financiamento público de campanha, resulta um quadro melhor do que a encomenda. De onde menos se espera — dos políticos — vem o sinal de que pode ter chegado a hora de atacar o derrame de dinheiro que ameaça a democracia brasileira.

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