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Prêmio araponga de jornalismo

Te aviso. Ou te detono, o que for melhor pra mim

Por Guilherme Fiúza
Atualizado em 30 jul 2020, 19h34 - Publicado em 13 jul 2019, 07h36
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  • Guilherme Fiúza (publicado na Forbes Brasil)

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    Conversa entre dois jornalistas investigativos de último tipo:

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    — E o Deltan, hein?

    — Caiu bonito!

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    — Lava Jato já era.

    — A gente é bom.

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    — Jornalismo é missão, meu caro.

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    — Missão cumprida!

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    — Como assim?

    — Ué, não era pra ferrar os menudos do Moro?

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    — Era, mas não é pra falar isso.

    — Porra, só tem a gente aqui.

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    — Tá, mas se amanhã alguém me compra eu posso te detonar…

    — O que?!

    — Não… “Compra” que eu digo é se alguém me encanta com uma verdade superior.

    — Ah, tá. Tipo o Lula fez com a gente.

    — É… Tipo isso.

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    — Cara, mas Lula só tem um!

    — Você que pensa.

    — Ah, dane-se. Prefiro me concentrar na missão jornalística. Se mudarem a missão, eu mudo o jornalismo. Aí fica tudo igual.

    — Perfeito. Acho que você entendeu o Einstein.

    — Ele não era tão relativo assim. Mas confesso que estudei muito.

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    — Seu professor de física era aquele gente boa do PSOL?

    — Não lembro se era física, mas PSOL com certeza.

    — É, não dá pra lembrar tudo.

    — Se esses caras da Lava Jato tivessem tido a formação democrática que a gente teve não tavam aí tentando censurar os outros.

    — Muito menos censurar um preso político como o Lula, perseguido injustamente no lugar de um amigo dele.

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    — De um, não. De vários. O do triplex, o do sítio, o da cobertura em São Bernardo, o do terreno do Instituto Amigo do Lula, o de Angola, o da Medida Provisória, o da sonda, o da…

    — Resume aí, cara. O Lula tem um milhão de amigos. Ponto.

    — Imagina: um milhão de amigos querendo ouvir uma entrevista sua de dentro da cadeia e esses fascistas da Lava Jato tentando te censurar…

    — Pois é. Pros que tão presos também até nem faz tanta diferença, mas os que tão soltos precisam saber o que fazer com a grana…

    — Não, mas esse lance de decidir se é pra investir em pneu velho, em mortadela, em juiz, em jornalista… isso os advogados repassam.

    — Tudo bem, mas não é a mesma coisa. É angustiante ficar sem ouvir aquela voz.

    — O fato é que a Lava Jato perdeu e a entrevista foi linda!

    — Impressionante a pureza do Lula quando não tem nenhum fascista pra atrapalhar.

    — Eu acho que vi a auréola dele.

    — Aquilo é efeito.

    — De quem? Da Polícia Federal?

    — Claro que não. Quando a alma é muito honesta ela projeta uma luz que só jornalista investigativo como a gente enxerga.

    — Ah, tá. Mas então dá no mesmo.

    — É, dá no mesmo.

    — Qualquer coisa se não ficar legal a gente edita.

    — Pronto.

    — Missão é missão.

    — Se mudar, me avisa.

    — Te aviso. Ou te detono, o que for melhor pra mim.

    — Aprendo muito com o seu pragmatismo.

    — Em primeiro lugar a lealdade.

    — Ah, tanto faz. Depois a gente edita isso.

    — Ok.

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