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Augusto Nunes

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O valor mais alto que sempre se alevanta

Se quisermos que mude o que está aí, temos de tirar a mão do Brasil que nos está matando do gatilho e pôr no lugar a do Brasil que queremos que sobreviva

Por Fernão Lara Mesquita
Atualizado em 30 jul 2020, 20h23 - Publicado em 14 jul 2018, 17h58

Fernão Lara Mesquita (publicado no Vespeiro)

O domingão bolivariano vivido pelo País na ressaca da derrota na Copa é uma síntese do dramalhão brasileiro.

Foi só mais um golpezinho chinfrim, desta vez envolvendo deputados e desembargadores plantados. A cara do Lula. A cara do PT. A medida exata do valor que dão à democracia, às instituições que manipulam, ao Brasil e aos brasileiros.

A vitória, excepcionalmente, foi “dos mocinhos”. Teriam atirado no alvo errado ao visar o TRF-4, a outra Curitiba, a quem o Brasil fica devendo mais essa? Há quem diga que tudo o que queriam era desmoralizar as instituições. Já as gravações na rede comemorando antes da hora a libertação do chefe feitas por toda a cúpula da organização criminosa descrita na Ação Penal 470 que Lula, como o PCC, comanda de dentro do presídio indicam que eles realmente esperavam que essa armação mequetrefe pudesse colar…

Mas isso pouco importa, pois no universo moral do lulismo nenhuma sujeira se perde, todas apenas se transformam. O que choca é terem os 200 milhões de brasileiros da “2.ª Classe” razões de sobra para se angustiar com mais essa palhaçada, pois os favretos do STF que acabam de dar fuga ou apagar os pecados da cúpula da quadrilha fixaram a jurisprudência de que os fatos, a lei, a Constituição e até as sentenças deles próprios não valem nada, tudo pode virar do avesso conforme a “turma” que estiver de plantão. E se pode a “turma” (que em dois meses estará “lá”) ou mesmo um só entre eles nesta nossa monocracia, por que não o aparelhado solitário de turno plantado no TRF-4 pela janela do “quinto constitucional”?

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Causa “intolerável insegurança jurídica” a decisão “inusitada e teratológica” baseada em “premissa falsa” por autoridade “manifestamente incompetente”? Revela dolo ter ela redobrado sua truculência ameaçando juízes e policiais federais depois de alertada para o “flagrante desrespeito a decisões colegiadas do STJ e do plenário do STF”? Desejavam espicaçar perigosamente “paixões partidárias e políticas” pondo o País inteiro em risco e causando prejuízos sistêmicos à economia com esse “tumulto processual sem precedentes”?

Sim, sim e sim, é “óbvio e ululante”! Mas, data maxima venia, os editorialistas são estes aqui ao lado. Da meritíssima Laurita Vaz, que representa a instituição agredida, o País tem o direito de esperar medida saneadora exatamente proporcional aos adjetivos todos que usou. Afinal, já está provado: a 2.ª Instância, unida, isola e desarma até a última instância bandida.

A pergunta que nunca se faz em voz alta diante dessas mixórdias todas — alguns dos que deveriam porque mamam diretamente, outros porque mamam indiretamente, o favelão nacional apenas porque ninguém amplifica o som da sua voz — é: porque, afinal de contas, o Poder Judiciário “mocinho”, de quem depende a segurança jurídica, pela ausência da qual está o País inteiro se afogando em sangue e miséria, convive com os seus favretos e dá a esses cânceres no máximo a aspirina de um “pito”?

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A resposta é igualmente óbvia e ululante: porque tem de ser monolítico o edifício periclitante da “privilegiatura”, especialmente no meio desse terremoto permanente que a esta altura ele custa à Nação. E é natural que seja assim. É o instinto de sobrevivência que nos move como espécie. E não há, fora da seara dos santos, altruísmo que resista a essa força da natureza. Por isso ninguém, nem no que resta de menos poluído no funcionalismo que ainda é pago em dia (e astronomicamente muito), dispõe-se a permitir que sua indignação vá mais longe do que foi a de Laurita Vaz.

A democracia é o regime que reconhece as forças da natureza e trata de colocá-las a serviço do bem. Não há resposta institucional às bofetadas que o PT et caterva dão na cara das instituições, não porque elas não disponham de armamento de defesa, mas porque estão nas mãos erradas os gatilhos que o acionam.

Tudo o que está errado no Brasil, aliás, está errado porque é isso que está errado.

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É “dinheiro de pinga” essa montanha que escandaliza o mundo do que nos roubam por fora da lei. O que arrebenta mesmo é o que nos tomam por dentro da lei. É o que nos tomam convertendo todo e qualquer assalto em mais um “direito adquirido”; automatizando o avanço anual sobre os bolsos do favelão nacional; rebatizando pedaços do esbulho como “auxílio”, “contribuição” ou “salário-xis”. O que nos mata mesmo é, com todos os chineses do mundo fungando no cangote dos nossos empregos, ter o peso desses penduricalhos multiplicado pela ausência de cobrança de resultados, a estabilidade eterna e até hereditária no emprego, o avanço na carreira por decurso de prazo, a antecipação das aposentadorias…

Enquanto não estiver nas nossas mãos o direito de deseleger a qualquer momento estes que hoje elegemos para uma “privilegiatura” eterna, destruir o Brasil continuará parecendo-lhes mais barato que perder uma eleição. Enquanto a pena máxima para juiz ladrão continuar sendo a aposentadoria precoce, eles continuarão a soltar, em vez de prender bandidos. Enquanto não for você que decide quem fica e quem sai do serviço público, toda corporação que chantagear o povo será perdoada, toda lei adicional contra a corrupção se transformará na mais nova arma da corrupção, todo teto imposto ao funcionalismo será imediatamente convertido em piso.

Instituições e seus dispositivos de defesa são armas de afirmação de uma determinada hierarquia. Qual? Vai depender de quem puxa o gatilho. Se quisermos que mude o que está aí, temos de tirar a mão do Brasil que nos está matando do gatilho e pôr no lugar a do Brasil que queremos que sobreviva. O resto acontece sozinho.

Alô, indignados de boa vontade! Alô, candidatos sem bandeira nenhuma! Alô, povo que ainda pode derrubar governos com passeatas sem levar tiro! Eleições distritais puras, retomada de mandatos a qualquer momento (recall), referendo de todas as leis que vierem deles, eleição de retenção de juízes regularmente, é isso que nos tira da condição de alvos e nos põe na de atiradores.

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