BRANCA NUNES
“Deu não, né? Dilminha tá lá, né? Como é que faz? Muito bom, é delicioso ganhar da direitinha”, debochou Marcelo Heitor no vídeo que, publicado nas redes sociais em 2015, fez emergir do oceano dos anônimos o sobrinho de Zeca do PT, ex-governador de Mato Grosso do Sul e hoje deputado federal. Alternando risadinhas e fungadas, Marcelo Heitor debochava das manifestações que, em 15 de março, levaram às ruas mais de 2 milhões de brasileiros.
Animado com o fulminante sucesso de público (e indiferente ao portentoso fracasso de crítica), o filho impetuoso do prefeito de Porto Murtinho achou uma boa ideia testar a popularidade nas urnas: neste ano, candidatou-se a vereador de Campo Grande (MS) pelo PCdoB. No último post publicado em sua página no Facebook, em 1º de outubro, ele agradeceu o “carinho da população” e buscou socorro na Bíblia: “Sei de onde venho e para onde vou. Como diz a carta de Paulo Timóteo, combati o bom combate, venci a carreira e guardei a fé. Um beijo no coração de cada um de vocês e até a vitória, se Deus quiser”.
No dia seguinte, soube que o apelo à Divina Providência não foi ouvido pelos campo-grandenses. Com míseros 504 votos (0,12% do total e menos de um quinto dos seus pouco mais de 2.600 seguidores no Facebook), Marcelo Heitor foi rebaixado a um desmoralizante 178º lugar na disputa. Além de não eleger um único vereador, a coligação PT-PCdoB amargou o 6º lugar na disputa pela prefeitura com o candidato Alex do PT.
Surrado impiedosamente pelo eleitorado, agora é Marcelo Heitor o destinatário da pergunta que endereçou ao país que presta em março de 2015: “Deu não, né?”
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