Neste sábado, pela sexta vez em dez meses, a presidente Dilma Rousseff será confrontada com evidências contundentes da presença de outro prontuário de bom tamanho no primeiro escalão. E terá de escolher: ou se livra imediatamente da abjeção ou cede à tentação de varrê-la para baixo do tapete ─ o que só servirá para retardar por alguns dias a despedida inevitável do morto-vivo.
Os amigos da coluna estão com a sensação de que já leram esse texto? Leram mesmo, com duas mudanças: “quinta” no lugar de sexta e “nove meses e meio” em vez de dez meses. Assim começava o primeiro dos dois parágrafos que comunicaram, em 14 de outubro, a iminente agonia do ministro do Esporte. O segundo parágrafo só requer a incorporação de Orlando Silva para ser repetido sem retoques:
Depois de Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva, sempre por envolvimento em bandalheiras, o ministério do Brasil Maravilha vai perder mais um. O país que presta vai ganhar mais uma.
Para o poeta T. S. Eliot, abril é o mais cruel dos meses. No Brasil, sábado costuma ser o pior dos dias para quem tem culpa no cartório. Vem aí o sexto andor da procissão dos despejados por corrupção. Carrega outro ultraje que Lula pescou no pântano e Dilma Rousseff manteve no emprego enquanto pôde. Logo saberá que não pode mais.