“Eu me dizia a cada segundo que ao menos continuava vivo”, contou o cartunista Laurent Sourisseau ao lembrar os intermináveis minutos em que se viu forçado a contemplar o rosto do horror. O massacre na sede do Charlie Hebdo, promovido por terroristas islâmicos em 7 de janeiro de 2015, foi um dos temas da entrevista concedida ao Roda Viva Internacional por Sourriseau, novo diretor do semanário francês.
Com voz pausada e surpreendentemente serena, o sobrevivente do banho de sangue que matou sete e feriu outros 12 profissionais da redação narrou o drama em Paris como se evocasse um episódio de ficção. Ainda lidando com as sequelas do tiro que o atingiu no ombro, ele afirmou que a linha editorial não foi afetada pela erupção de violência. “Se deixamos de exercê-lo, o direito à liberdade de expressão deixa de existir”, constatou.
Participaram da bancada de entrevistadores a jornalista Malu Delgado, o cartunista Orlando Pedroso, a jornalista Flávia Marreiro (subeditora do El País no Brasil), o historiador Jaime Pinsky (diretor da Editora Contexto) e a escritora Adriana Carranca (jornalista do Estadão).