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O mais generoso amigo do Amigo da Odebrecht

Nas paredes decoradas com imagens da família presidencial, não sobrou espaço sequer para um foto 3x4 do proprietário oficial do sítio

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h32 - Publicado em 5 mar 2018, 15h38

Contratado para reforçar a tropa de doutores encarregada da defesa de Lula, o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence terá de defender o cliente também das ideias de jerico que frequentam com alarmante constância a cabeça do advogado Cristiano Zanin. Até agora, o genro de Roberto Teixeira é o mais visível e mais falante dos bacharéis incumbidos de livrar da cadeia o ex-presidente.

No caso do triplex no Guarujá, o palavrório de estagiário e a argumentação bisonha transformaram o principal advogado de defesa de Lula num involuntário auxiliar da acusação. O desempenho de Zanin no julgamento em segunda instância induziu o Tribunal Regional Federal a concluir que a pena fixada por Sergio Moro fora branda demais. E os 9 anos e meio de gaiola subiram para 12 anos e um mês.

Para deixar claro que nunca pertenceu a seu cliente o triplex no Guarujá que Lula ganhou de presente da Construtora OAS, Zanin lembrou inúmeras vezes que não foram encontrados sinais visíveis de que a família do chefão algum dia morou lá. O doutor sabe que o dono do apartamento só não morou no prédio na praia porque a Lava Jato chegou primeiro.

O que Zanin talvez não saiba é que acabou depositando no colo do Ministério Público mais uma poderosa arma de ataque. Depois de deixar a Presidência, Lula passou 111 fins de semana no sítio valorizado por obras milionárias presenteadas pela Odebrecht. Em todas as visitas à sua casa de campo, o Tiradentes de cabaré apareceu acompanhado por parentes e agentes de segurança.

Em contrapartida, o dono oficial da propriedade, Fernando Bittar, não deu as caras por lá nem depois que o verdadeiro dono sumiu. Nas paredes decoradas com imagens da família Lula, não sobrou espaço sequer para um foto 3×4 de Bittar. O ex-presidente, sua mulher e os filhos mantinham na casa escova de dente, remédios de consumo rotineiro, objetos pessoais e bugigangas que têm o valor de uma escritura. Bittar se dispensou de equipar a casa ao menos com uma toalha de banho.

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Se o proprietário oficial é o proprietário real, o Departamento de Propinas da Odebrech precisa corrigir uma grave injustiça. Como informaram os diretores da empreiteira, Lula foi rebatizado de Amigo. Quem merece tal codinome é o generosíssimo Bittar. Não existe no mundo um amigo tão amigo quanto o sitiante que nem faz ideia de como é o pedaço de terra que jura ter comprado.

Haja vigarice.

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