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Augusto Nunes

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“Mata que é polícia” e outras notas de Carlos Brickmann

São 13 assassínios de policiais por mês. Imagine se matassem cem juízes, cem garis, cem religiosos. Haveria este silêncio?

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h46 - Publicado em 30 ago 2017, 13h41

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Há poucos dias, 26 de agosto, foi morto o centésimo PM do Rio em 2017. São 13 assassínios de policiais por mês. E o silêncio que se faz é atordoante, como se nada houvesse, como se PM não fosse gente. Imagine se matassem cem juízes, cem garis, cem religiosos. Haveria este silêncio?

Há 130 anos, em onze meses, Jack, o Estripador, matou cinco prostitutas em Londres, cortando-lhes a garganta. O assassino jamais foi identificado, mas a Inglaterra se mobilizou para localizá-lo. E, 130 anos depois, seu nome ainda é lembrado. Aqui, em oito meses morrem cem PMs – e não há qualquer comoção, excetuando-se a das famílias e a de quem é consciente.

Polícia é essencial em qualquer parte do mundo. Na Dinamarca, onde há educação de qualidade para todos, onde a desigualdade social é minúscula, há polícia, e eficiente. Só no Brasil se imagina que a Polícia, executora do monopólio estatal da força, pode ser desprezada. Após a ditadura militar, em que a Polícia aceitou gostosamente a permissão de atuar fora da lei, surgiu a crença de que os policiais foram os culpados pela violência, pelas torturas. Foram; mas houve também promotores que sabiam de tudo e se calaram, juízes coniventes, jornalistas cúmplices. Só os policiais pagam? E nem são mais os mesmos (que, dos velhos tempos, muitos passaram de vez para a vida fora da lei, trabalhando como bicheiros ou milicianos ferozes).

Quando nossa vida corre risco, quem é que chamamos? O ladrão?

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Detalhes

O seguro de vida para o policial que expõe sua vida foi criado há pouco mais de 20 anos, pelo governador Mário Covas. Antes, não existia. Colete à prova de balas? Existe, mas não para todos. Um policial tem de esperar a volta do colega para pegar o colete dele, sem tempo sequer para arejá-lo. E, para enfrentar o poder de fogo dos bandidos, só armas nacionais, pequenas.

 

Como era, como é

Em 1983, ou 84, houve uma onda de assaltos a passageiros de ônibus. O governador paulista Franco Montoro determinou que PM fardado não pagasse passagem. A presença do policial no ônibus afastou os bandidos. Na época, tinham medo. Hoje, o policial esconde a farda fora do horário de trabalho. Não carrega seu crachá, pois os criminosos o matam se souberem que é policial. Os bandidos perderam o respeito. Não têm o que temer.

 

O crime e a pena

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Lembra de Henrique Pizzolato, que foi diretor do Banco do Brasil, fugiu para a Itália usando documentos falsos com o nome do irmão falecido e foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro? Ele começou a cumprir a pena em fevereiro de 2014, quando foi preso na Itália (veio para o Brasil em outubro de 2015). Faça as contas: 2014 mais 12 anos=2026, certo? Errado: Pizzolato já está no regime semiaberto, que lhe foi concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo. Dorme na cadeia. De dia, vai trabalhar na rádio OK FM, como assistente de programação, algo que jamais fez na vida. O salário é de R$ 1.800,00 mensais. Mas que fazer? A lei exige um emprego! A rádio pertence a seu companheiro de cela, Luiz Estêvão, hoje também seu patrão.

 

Exclusividade

Não estranhe o caso de Pizzolato. Num país onde Suzane Richthofen teve folga da prisão no Dia das Mães, que é que se pode esperar?

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Sexo é ciúme

A delação mais esperada no país, hoje, é de um tipo diferente: tem, além da ladroeira, sexo, ciúmes, chifres, brigas federais. O que se sabe: um captador de recursos teve um caso com uma parlamentar federal casada. Houve belos hotéis, brigas com arranhões, ciúmes ferozes, erros (o marido entendeu que o casamento agora era aberto, e também andou escapulindo; a esposa não quis saber, e por pouco não se cria uma crise – o Chifrudão).

 

Sexo é cultura

Nomes? Imagine! Este colunista adora continuar vivo. Mas pitadas de cultura e pesquisa ajudam a chegar lá. Comece por Jacques Offenbach, compositor de sucesso, francês nascido na Alemanha, rei do can-can. E vá para Shakespeare, Julio Cesar, no monumental discurso de Marco Antônio nos funerais de Cesar. Termina aqui a parte cultural: o restante é briga feia de casal. Se a chefia não enquadra marido e esposa, a coisa iria longe. O fato é que os chifres doeram, mas pior seria perder os excelentes empregos.

 

E calou-se o sabiá

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Recife, Praça N.S. do Carmo. Dia 25, a caravana de Lula parou ali para um ato público. Mas, no lugar em que queriam botar o palanque, havia uma palmeira imperial grande, de mais de 20 anos. Simples, não? Só montar o palanque ao lado. Mas o PT não perdoou: cortou a árvore. Tudo (com fotos). Os sabiás que entrem no MST.

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