Em entrevista a uma emissora de rádio de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, Lula sacou da garganta infatigável a verdadeira causa do falecimento de sua mulher: Marisa Letícia morreu de Lava Jato, informou o legista de botequim. “Esses meninos da Operação Lava Jato têm responsabilidade na morte dela”, disse o ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. “Você não pode dedicar uma vida inteira a cuidar dos filhos, a fazer política de solidariedade e de repente ser tachada de corrupta da forma mais banal possível, da forma mais cretina possível”.
Conversa de 171. Os “meninos da Lava Jato”, como Lula se refere aos procuradores federais da força-tarefa baseada em Curitiba, têm tanto a ver com a morte de Marisa Letícia quanto as tribos indígenas isoladas da Amazônia. Nenhum representante do Ministério Público qualificou a ex-primeira dama de “corrupta”. Quem teve tal anátema colado na testa foi Lula, que fez e continua fazendo o diabo para debitar na conta da mulher as maracutaias em que se meteu.
Outra correção necessária: Marisa Letícia nunca foi de perder tempo com “políticas de solidariedade”, jamais se interessou por programas sociais. Instalou-se num gabinete no Planalto para vigiar o maridão. Até os barquinhos do sítio em Atibaia sabem que ela morreu em consequência de um acidente vascular cerebral. Lava Jato não provoca AVC. Se frequentar o noticiário político-policial abreviasse a vida dos delinquentes, Lula já teria ido desta para pior há muito tempo.
Caso mulheres ligadas ao ex-presidente perdessem a saúde depois de se tornarem casos de polícia, Rosemary Noronha não estaria viva para ver o namorado a caminho da cadeia. A sorte de Lula, já sentenciado a nove anos e meio de gaiola por corrupção e lavagem de dinheiro, é que a legislação brasileira não trata como crime a exploração de cadáveres com fins eleitoreiros. Se tal infâmia fosse incluída no Código Penal, Lula já teria ampliado em mais alguns anos a merecidíssima temporada na cadeia.