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Augusto Nunes

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Isto é Roberto Requião (capítulo 4)

O texto abaixo foi publicado nesta terça-feira no blog do Zé Beto Perfil da perversidade Eudes Moraes* Era 1997, no Senado Federal rolava uma CPI, chamada de Precatórios. Como um modesto cidadão, eu não a acompanhava e confesso que nem sabia do que se tratava. Num domingo à tarde, recebi um telefonema do jornalista Fábio […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 13h29 - Publicado em 3 Maio 2011, 16h35

O texto abaixo foi publicado nesta terça-feira no blog do Zé Beto

Bras’lia (DF), 26/04/2011, Roberto Requi‹o

Foto: André Coelho/Agência O Globo

Perfil da perversidade

Eudes Moraes*

Era 1997, no Senado Federal rolava uma CPI, chamada de Precatórios. Como um modesto cidadão, eu não a acompanhava e confesso que nem sabia do que se tratava.

Num domingo à tarde, recebi um telefonema do jornalista Fábio Campana. “Há uma armação contra você” – e me enviou um fax, de uma nota publicada no jornal O Dia, do Rio de Janeiro. “A CPI dos Precatórios, está próxima de apanhar o Dr. Renê (Até então, esse personagem, não tinha sobrenome e era citado na CPI, por uma operação de 10 milhões de dólares). Trata-se de um empresário de Curitiba, de sobrenome Moraes. Dava o endereço do meu escritório e os quatro números finais do meu celular”.

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Li, não entendi nada, mas fiquei apreensivo. Não demorou muito e tocou o meu celular (era um PT 550, da Motorola, um tijolão que por ser analógico, não binava. “É Eudes Moraes?” “Sim”, respondi. “Assista, amanhã, a TV Senado”. Dez minutos depois, recebi outra chamada. “Eudes Moraes?” “Sim”, respondi. “Aqui é o banqueiro Fausto Solano. Estou ligando pra te avisar que a Polícia Federal já descobriu tudo e que amanhã, ao rair do dia, todos seremos presos por causa daquela operação”. “Olha! Cidadão”, respondi, “Eu não o conheço e não sei de que operação se trata. Se houver prisões, eu não serei preso porque nada fiz”. Ele desligou!

No dia seguinte, li nos jornais, que o Senador Requião, enquanto mastigava uma pizza, fazia ligações aterradoras para um empresário em Curitiba.

Na 2ª feira, reuni em minha casa alguns amigos e assistimos a TV Senado. Lá estavam alguns diretores do extinto Banestado. Bernardo Cabral era o Presidente da CPI e Requião, o relator. “Senhor Presidente, tenho umas perguntas que dizem respeito ao meu estado e perguntou aos depoentes se conheciam o tal Dr. Renê”. Diante de sonoros nãos, emendou a pergunta: “Mas, conhecem o empresário Eudes Moraes?” Entre nãos e de vista, ele foi diabólico: “Faço aqui uma grave denúncia. O Dr. Renê que essa CPI, Polícia Federal e a Receita Federal procuram, é o empresário Eudes Moraes”. Dito isso, divulgou todos os meus números de telefones e pediu à Senadora Emilia Fernandes que cruzasse os dados.

Não preciso dizer que, no dia seguinte, tive que enfrentar a mídia nacional que me fazia bateriais de perguntas.

Indignado e puto da vida, procurei o escritório do competente advogado João Ricardo Cunha de Almeida. Ele notificou os jornais, televisões e TV Senado, para manterem em arquivo o material veiculado. A lei de imprensa era diferente da que vigora hoje. Teríamos que processar os jornais e TVs, para que eles fizessem demanda regressiva. Como se arrastaria pelo tempo e ele tinha imunidade parlamentar, optamos pelo não ajuizamento de ações. Meu advogado encaminhou requerimento à CPI e ao Senador ACM, para que eu fosse ouvido na CPI. Nunca me foi dado esse direito. O estrago da minha imagem e do meu emocional foi o resultado dessa irresponsabilidade e molecagem requianista.

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Fiquei 30 dias na mídia, até que as autoridades divulgassem o sobrenome do Dr. Renê, um brasileiro que atuava no mercado financeiro e residia em Miami. Depois, fiquei sabendo que o Requião agira em causa própria e pensava, com isso, atingir o seu arquiinimigo político, Jaime Lerner, de quem sou aliado e amigo. À época, eu figurava como um dos proprietários da CBN Curitiba e o Requião sempre achou que a imprensa deve dar espaços só para ele, perguntar só o que lhe convém, esconder seus podres e ressaltar suas poucas virtudes. Ele se diz jornalista, mas odeia a sua classe.

O jornalista Celso Nascimento, da Gazeta ado Povo, publicou, em 28/04/11 um resumo curioso: “Uma rápida passagem pela memória nos trará à tona alguns casos bastante ilustrativos para demonstrar que o episódio ocorrido em Brasília não deveria constituir surpresa para ninguém:

• Em 2006, diante uma plateia lotada no Teatro Guaíra e na presença de seu ídolo Hugo Chávez, usou o microfone para mandar à m… um grupo de jovens que o vaiavam;

• Em 2007, pediu a um grupo de humildes agricultores que enfiassem no r… os mastros das faixas de protesto que ostentavam durante um encontro de produtores rurais no Sudoeste do estado;

• Em 2004, torceu até quase fraturar o dedo de um repórter da RPC que tentava entrevistá-lo num cidade do Norte do estado;

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• Durante a campanha de 2010, após proferir provocações, recebeu um soco no rosto desferido pelo deputado Rubens Bueno;

• Também em 2010, foi surrado no interior de um restaurante, no litoral, por João Feio, um amigo e assessor do então governador Orlando Pessuti, a quem havia ofendido;

• Em 2006, a funcionários públicos que reivindicavam melhorias salariais, ameaçou com “cacete e cadeia”;

• Na campanha de 2006, viu-se obrigado a pedir desculpas públicas por perguntar, repetidamente, a eleitoras se “traíam os maridos”;

• Em 1994, foi publicamente esmurrado por um ex-amigo, igualmente ofendido, no saguão de um hotel em Londrina;

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• Ao longo de anos, manifestou valentia contra desafetos durante as apresentações televisivas das terças-feiras da Escolinha de Governo, o que lhe rendeu inúmeros processos cíveis e criminais e milionárias multas”.

“Requião costuma jactar-se da própria coragem e seriedade. Atribui a truculência a um suposto acendrado desejo de defender o estado, o povo e o país contra os ladrões. Há quem acredite nisso tudo – e por isso vota. Não se tire a legitimidade dos mandatos que sucessivamente conquistou. Foram manifestações democráticas, votos livres e soberanos de todo cidadão que fez a opção por ele. Nem por esse motivo, porém, o senador, como homem público e detentor de mandato, pode ficar acima da crítica e da lei. E é direito de todos manifestar o que pensam dele e de pedir-lhe que represente melhor, mais dignamente o estado que representa – e que seja motivo de orgulho, e não de vergonha, para os paranaenses”.

“A última dele, foi o constrangedor episódio que protagonizou em Brasília, quando, irritado com perguntas pertinentes de um repórter a respeito de sua aposentadoria de ex-governador, ameaçou-o dar-lhe uma surra e tomou-lhe o gravador com o intuito de apagar o conteúdo. Um caso típico de assalto; de avanço criminoso à coisa alheia; de desrespeito ao profissional e de atentado à liberdade de imprensa”.

“Ter Requião no Senado é, pois, para o Paraná, um caso de arrependimento – o estado e seu povo não merecem nem aprovam esse tipo de comportamento vindo de um representante seu na mais alta Casa do Legislativo brasileiro”.

A truculência dele contra mim está nos anais do Senado, na história e na minha memória. Eu não sei a que legião demoníaca ele servia e nem que tipo de diabo estava por trás, mas sei que “quem bate esquece e quem apanha nunca apaga da memória a surra que leva”.

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Ao ver na TV mais uma das suas, desta vez contra um jornalista da Radio Bandeirantes e lendo o que o Jornalista Celso Nascimento publicou e como senti na pele o seu ódio e o peso de suas maldades, estou indignado e envergonhado.

Sinceramente, se existe, além desta vida, algum lugar privilegiado e eu for contemplado e por lá, eu ver o Requião, pedirei a minha imediata transferência para o inferno porque, certamente, ele vai infernizar o céu.

* Eudes Moraes é empresário em Curitiba

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