Imagens em Movimento: O surgimento de um vagabundo chamado Carlitos
Atualizado às 6h50 SYLVIO DO AMARAL ROCHA Um dos maiores gênios da Sétima Arte, Charles Chaplin começou no cinema por dinheiro. Além de dobrar o salário, acreditou que um ano seria suficiente para voltar aos teatros como um astro consagrado. Sua trajetória na frente das câmeras foi meteórica. Em fevereiro de 1914 filmou seis curtas. […]
Atualizado às 6h50
SYLVIO DO AMARAL ROCHA
Um dos maiores gênios da Sétima Arte, Charles Chaplin começou no cinema por dinheiro. Além de dobrar o salário, acreditou que um ano seria suficiente para voltar aos teatros como um astro consagrado.
Sua trajetória na frente das câmeras foi meteórica. Em fevereiro de 1914 filmou seis curtas. No primeiro, Making a Living (traduzido como Carlitos Repórter), Chaplin interpretou um vigarista que queria ser repórter de um jornal. Na encenação é possível notar os trejeitos inspirados na commedia dell’arte que o imortalizariam.
O segundo e terceiro disputam o pódio da primeira vez em que Chaplin vestiu as roupas de vagabundo e incorporou Carlitos. Mabel’s Strange Predicament (Carlitos no Hotel) e Kid Auto Race in Venice (Corridas de Automóveis para Meninos) foram filmados no mesmo período e lançados quase simultaneamente. Embora Kid tenha sido exibido primeiro, Mabel’s foi rodado antes.
O que aconteceu daquele fevereiro em diante todos sabem. Chaplin, com seu personagem de chapéu coco, bengala e smoking surrado, tornou-se um ícone, criador de clichês repetidos nos quatro cantos do planeta e intérprete de cenas inesquecíveis até para quem não se interessa tanto por cinema.
A almejada autonomia foi conquistada já em 1917. Com o público nas mãos, Chaplin teve liberdade para criar. Em 1931, lançou o que muitos consideram sua obra prima: City Lights (Luzes da Cidade), que demorou incríveis dois anos e oito meses para ficar pronto – foram 190 dias só de filmagem.
Lançado durante os últimos suspiros do cinema mudo – os filmes falados caíam cada vez mais no gosto do público e todos desejavam ouvir a voz do adorável vagabundo –, Chaplin optou por seguir fazendo o que sabia melhor: a linguagem corporal, compreendida por todos, sem a necessidade de tradução ou legendas.
Desta vez ele conseguiu surpreender ainda mais o público. Além de escrever a historia, dirigir e interpretar, compôs a trilha sonora – o que passaria a fazer dali em diante –, comprovando que sua inventividade não tinha limites.