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Augusto Nunes

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Imagens em Movimento: O poeta do Castelo

SYLVIO ROCHA Em 1959, Joaquim Pedro de Andrade estreou como diretor de cinema filmando seu padrinho de crisma, Manuel Bandeira. O documentário exibe o homem aparentemente comum. Bandeira em casa, colocando discretamente as mãos nas costas para levantar-se, escrevendo, lendo, saindo para comprar leite. Ele está vivo. O homem caminha por um pedaço do Rio […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h38 - Publicado em 11 ago 2013, 22h17

SYLVIO ROCHA

Em 1959, Joaquim Pedro de Andrade estreou como diretor de cinema filmando seu padrinho de crisma, Manuel Bandeira. O documentário exibe o homem aparentemente comum. Bandeira em casa, colocando discretamente as mãos nas costas para levantar-se, escrevendo, lendo, saindo para comprar leite. Ele está vivo.

O homem caminha por um pedaço do Rio de Janeiro triste e sujo. As cenas em preto e branco, com planos amplos, lembram o melhor de Michelangelo Antonioni. Após uma pausa dramática, ouve-se a voz de Bandeira no primeiro poema do filme: “Belo belo minha bela. Tenho tudo que não quero. Não tenho nada que quero”.

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Nas cenas banais de uma manhã como outra qualquer, enquanto prepara o café, emerge o segundo poema, Testamento, que aos poucos convida quem vê o filme a passear pela cabeça (ou pelo coração) do poeta. Como escreveu Rachel de Queiroz na apresentação do livro Estrela da Manhã: “É engraçado – estamos aqui falando do maior poeta vivo do Brasil, aliás, segundo o nosso melhor juízo, o maior poeta do Brasil – no entanto, há qualquer coisa de homem que quase o impede – assim grande, louvado, imortal, consagrado – de ser um monumento nacional. Todos lhe reconhecemos a glória laureada – claro! claro! mas antes de o admirarmos, ou ao mesmo tempo em que o admiramos, acima de tudo e principalmente o amamos”.

Esse amor está presente na película de Joaquim Pedro. Com suavidade, a câmera se aproxima, retrata a delicadeza de uma risada e, aos poucos, revela a intimidade do homem que, com o poema Pasárgada, resumiu o paraíso imaginário do brasileiro. Enquanto se ouve a voz que declama Vou-me embora pra Pasárgada, Bandeira caminha pela Avenida Presidente Wilson até que, como Macunaíma, vai aos céus virar estrela.

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Com roteiro do próprio poeta, retocado pelo diretor, O poeta do Castelo é um dos precursores do Cinema Novo. Repleto de externas (takes filmados a céu aberto) que exibem a cidade cruamente, com um ator-poeta que representa a si mesmo em seu cotidiano, o documentário coloca o homem no centro da trama – características que mais tarde o movimento de vanguarda do cinema brasileiro iria destacar.

A fotografia – limpa e crua – é de Afrodísio de Castro, que assinou mais de 50 filmes, entre eles Ganga Bruta, de Humberto Mauro. Depois de O poeta do Castelo, Joaquim Pedro dirigiu curtas-metragens como Couro de gato e O mestre de Apipucos, e os longas Macunaíma, O padre e a moça, Garrincha, alegria do povo e o antropofágico Homem do Pau Brasil, entre outros. Neste documentário, o maior cineasta brasileiro conseguiu imortalizar o poeta em movimento e o eterniza em sua cidade.

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