Ex-chefe da Casa Civil de Lula e ex-melhor amiga de Dilma Rousseff, Erenice Guerra acaba de ter o título de Matriarca da Ladroagem roubado por Marluce Vieira Lima. Perto do que andou fazendo a mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do deputado federal Lúcio Vieira Lima, as bandalheiras de Erenice e seus filhotes parecem coisa de meliante aprendiz.
Na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informa que a baiana de 79 anos “tinha um papel ativo e relevante nos atos de lavagem de dinheiro. Apesar de ser uma senhora de idade, não se limitava a emprestar o nome aos atos e a ceder o closet. Era ativa”. Era ela, por exemplo, quem guardava o dinheiro ilícito amealhado pelos meninos.
Primeiro guardou os quilos de cédulas no próprio apartamento. Depois em outros endereços, até que a polícia invadiu o único apartamento do mundo com vista para um mar de grana furtada. Num trecho da denúncia de 64 páginas, Raquel faz o resumo da ópera composta pelos Vieira Lima, em parceria com um punhado de comparsas, entre 2010 e 2017:
A mamãe larápia e os filhos gatunos se associaram “com a finalidade de cometer crimes de ocultação de origem, localização, disposição, movimentação e a propriedade de cifras milionárias de dinheiro vivo proveniente diretamente de infrações penais como corrupção, peculato, organização criminosa, além de outros ciclos anteriores de lavagem de dinheiro”.
A Procuradoria Geral exige uma indenização por danos coletivos no valor de 51 milhões de reais, o mesmo tamanho da fortuna que posou para a posteridade naquele apartamento em Salvador. Raquel Dodge pede que Lúcio “passe a ser monitorado com tornozeleira eletrônica e seja obrigado ao recolhimento domiciliar noturno nos dias de trabalho”. Para Marluce, solicita prisão domiciliar em tempo integral.
Caso se juntassem na mesma cela de cadeia onde Geddel já está, os três talvez ficassem mais felizes. O Brasil decente certamente ficaria bem melhor.